Três sedes da Copa no Brasil tem risco maior de sofrer surto de dengue, segundo estudo
Três cidades brasileiras — Fortaleza, Natal e Recife — que serão
cenário de jogos do Mundial do Brasil-2014 têm um risco maior de sofrer
um surto de dengue do que as outras nove sedes, destacou um estudo
científico divulgado neste sábado (17).
Em termos absolutos, o risco é baixo em todas, mas é comparativamente
superior nas três cidades do Nordeste e as autoridades deveriam tomar
medidas, afirmam os encarregados do estudo publicado na revista de
medicina britânica The Lancet.
A doença é transmitida pela picada do mosquito aedes aegypti, causa
febre, dores de cabeça e musculares e, em casos extremos, pode causar
morte por hemorragia. No Brasil, é um mal endêmico, e mais de 570
pessoas morreram vítimas da doença em 2013.
Os autores do artigo, uma equipe de cientistas europeus e brasileiros,
chefiados por Rachel Lowe, do Instituto Catalão de Ciências do Clima de
Barcelona, examinaram dados de diversas fontes para identificar as áreas
de risco.
Eles estudaram os padrões climáticos de quatro agências meteorológicas,
em particular os dados sobre chuvas, que têm grande influência na
procriação do mosquito.
Depois, compararam-nos com os dados sobre surtos de dengue dos últimos
13 anos, no mês de julho, em 553 "microrregiões" do Brasil, inclusive
nas 12 sedes da Copa. Finalmente, levaram em conta os elementos que
caracterizam o desenvolvimento de um surto de dengue.
Os mosquitos levam de sete a 14 dias para se tornar vetores do vírus, o
qual contraíram após picar uma pessoa doente. E quando o inseto pica
outra pessoa, o vírus precisa de quatro a sete dias de incubação.
Os visitantes não costumam ficar mais de duas ou três semanas na mesma
cidade, o que significa que nesse momento já se estaria gestando um
surto que poderia afetar o mês de junho.
"Nossas previsões para junho mostraram que o risco era baixo nas
cidades-sede de Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo",
destaca o artigo.
"O risco era intermediário em Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e
Manaus. Os alertas de alto risco saltaram nas cidades do nordeste de
Recife, Fortaleza e Natal", prossegue. "Os esforços para reduzir o
impacto e a severidade da dengue teriam de se concentrar nestas
cidades", sugere o estudo.
Uma medida que pode ser aplicada é fumigar os locais de procriação dos mosquitos, principalmente em água parada.
De qualquer forma, "o risco será, provavelmente, baixo nas 12
cidades-sede", insistiu Lowe, em declarações à AFP enviadas por e-mail.
Oitenta por cento das pessoas infectadas com o vírus não desenvolvem
sintomas, mas 5% ficam doentes e, para 1%, a doença pode ser mortal.
Neste século, o Brasil registrou mais casos de dengue do que qualquer
outro país do mundo — mais de 7 milhões entre 2000 e 2013, completa o
estudo.
G1
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