Um dia após o massacre na escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, que resultou na morte de doze crianças, o Portal Correio recebeu denúncias de que as escolas paraibanas estão sendo invadidas pelo tráfico de drogas.
Uma dona de casa, que não quis se identificar, denunciou nesta sexta-feira (08) que na Escola Estadual Almirante Tamandaré, localizada no bairro do Castelo Branco, em João Pessoa, estudantes se drogam e promovem terror entre as crianças.
"Todos os dias, minha filha chega assustada e reclamando de outros alunos que fumam maconha dentro do colégio e promovem uma baderna. Inclusive, não deixam os professores entrarem em sala de aula." declarou.
Diante do massacre carioca, a mulher relatou que está desesperada: "Não deixei minha filha ir à escola hoje. Estou com muito medo."
A escola estadual Almirante Tamandaré possui 270 alunos e funciona das 07h30 da manhã às 16h30.
Procurada pela equipe do Portal Correio, a diretora do colégio, Francisca de Araújo, diz que desconhece os fatos.
"Temos alunos que agem com rebeldia, mas tudo não passa de indisciplina."
Questionada sobre a problemática dos entorpecentes dentro da instituição de ensino, ela foi emblemática: "Existe indisciplina, drogas não." Mas entra em contradição: "A droga existe em qualquer lugar do mundo. O medo sempre existe."
O coordenador estadual do programa de resistência às drogas e à violência, Major Onivan Elias de Oliveira, responsável pelo patrulhamento escolar, confirma que a questão das drogas é fato na Paraíba.
"Nós já fizemos várias apreensões nas chamadas áreas de interesse escolar em todo estado. São alunos portando armas e drogas dentro e fora das unidades de ensino. Mas estamos trabalhando para combater esse mal."
Ao final, Major Onivan lamenta: "Infelizmente, na década de 80, a escola era um ambiente de aprendizado e de fazer novas amizades. Hoje, a escola tansformou-se num ambiente de polícia."
O secretário de educação da Paraíba, Afonso Celso Scocuglia, afirmou que não tinha informações sobre o que estaria acontecendo na escola.
"Mas providências serão tomadas." declarou.
Sobre a violência nas instituições de ensino do Estado, ele falou que é o primeiro caso que ele se depara desde que assumiu o cargo, em janeiro deste ano. "Aluno é pra estudar. Isso não pode acontecer de forma alguma." disse o secretário.
Para a promotora da educação, Fabiana Lobo, esse caso não acontece apenas nessa escola.
"Esse não é um fato isolado. Recebemos várias denúncias sobre a violência nas escolas de toda Paraíba. A recomendação do Ministério Público é que a direção e o conselho deliberativo apliquem o regulamento escolar, incluindo, em último caso, transferir esses estudantes."
A promotora ainda informou que vai solicitar uma audiência com a diretoria da Escola Almirante Tamandaré para esclarecer os fatos. E adiantou que está marcada uma reunião com as secretarias de educação da Paraíba e de João Pessoa para a próxima segunda-feira (11). "Vamos debater a segurança dentro das escolas da capital. Com certeza, esse assunto também estará na pauta." finalizou.
Felipe Silveira e Pollyana Sorrentino
Portal CorreioPB
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