Brasil continua entre os 12 países mais desiguais, segundo Ipea

O estudo “A década inclusiva”, apresentado pelo presidente do Ipea,
Marcelo Neri, usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Não há, na história brasileira estatisticamente documentada desde
1960, nada similar à redução da desigualdade de renda observada desde
2001″, disse Neri. “Assim como a China está para o crescimento
econômico, o Brasil está para o crescimento social.”
A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de Gini, que
passou de 0,594 em 2001 para 0,527 em 2011. No índice, quanto mais perto
de zero menor a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres do
país. “O Brasil está no ponto mais baixo da desigualdade, embora ela
ainda seja muito alta”, ressaltou o presidente do Ipea.
O salário dos 10% mais pobres da população brasileira cresceu 91,2%
entre 2001 e 2011. O movimento engloba cerca de 23,4 milhões de pessoas
saindo da pobreza. Já a renda dos 10% mais ricos aumentou 16,6% no
período, de forma que a renda dos mais pobres cresceu 550% sobre o
rendimento dos mais ricos. Crescimento dos salários e peso do Bolsa
Família
O crescimento dos salários é o principal indicador para a melhoria,
aponta o estudo. É o que responde por 58% da diminuição da desigualdade.
Em segundo lugar vem os rendimentos previdenciários, com 19% de
contribuição, seguido pelo Bolsa Família, com 13%. Os 10% restantes são
benefícios de prestação continuada e outras rendas.
Neri ressaltou que, dentre todos os vetores para a diminuição da
desigualdade, o Bolsa Família é o mais eficaz, do ponto de vista fiscal.
“Se todos os recursos pudessem ser canalizados à mesma taxa para o
Bolsa Família, ao invés da previdência, a desigualdade teria caído mais
362,7%”, exemplificou Neri no estudo.
A disparidade de renda entre brancos e negros também se alterou.
Segundo os dados apurados pelo Ipea, a parcela da população que se
declara como negra teve crescimento da renda de 66,3% nos 10 anos. Maior
variação foi apurada entre os pardos (85,5%). Entre os brancos, o
crescimento foi de 47,6%.
O recorte por regiões mostra que no Nordeste a renda subiu 72,8%,
enquanto no Sudeste cresceu 45,8%, sempre no mesmo período de
comparação. O estudo conclui que houve queda de 3,2% no coeficiente de
Gini entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2012, tendo como base dados da
Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.
“A imagem da Belíndia continua exata”, disse Neri, referindo-se ao
termo cunhado por Edmar Bacha. O neologismo tentava demonstrar que os
ricos brasileiros viviam em um país semelhante à Bélgica, enquanto os
mais miseráveis estavam em situação semelhante à população pobre da
Índia. “A diferença é que agora os pobres brasileiros crescem a taxas
indianas, enquanto os ricos crescem como os países europeus.”
Uol
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