Capa da "Placar"com Neymar crucificado gera polêmica e revista responde aos leitores

Nesta semana, a Placar anunciou
a capa da edição de outubro e gerou polêmica antes mesmo de chegar às
bancas. A revista mostra uma fotomontagem com o jogador Neymar
crucificado, o que, naturalmente, levou muitas pessoas a relembrarem da
cena bíblica de Jesus Cristo. Após a grande repercussão, a publicação se
pronunciou nesta quinta-feira (27/9) e pediu desculpas "a quem se
sentiu ofendido", explicando que "em nenhum momento foi intenção ferir a
religiosidade de ninguém".
Revista emitiu nota explicando motivo da capa após polêmica
Na nota, a Placar
reitera o respeito pelas diferentes crenças e a defesa da liberdade de
praticá-las. No entanto, ressalta que estão "falando exclusivamente de
futebol" e explica que a fotomontagem não é uma referência específica à
crucificação de Jesus.
"Vale esclarecer que a analogia da
fotomontagem é com a crucificação como método de execução pública
praticado antigamente. Como mostra a reportagem, Neymar vem sendo
'apedrejado' publicamente com a pecha de 'cai-cai'. O maior jogador
brasileiro, ícone da arte no esporte, virou, para muitos, o símbolo da
dissimulação, da tentativa de burlar as regras do jogo. Ele cometeu e
comete suas falhas, mas ficou com uma imagem de 'criminoso esportivo'",
diz a Placar, que promete que a matéria será ainda mais esclarecedora em relação à posição adotada pela revista para falar do jogador.
Maurício Barros, diretor de redação da Placar,
falou à IMPRENSA sobre a polêmica. Ele explica que a ideia da
fotomontagem surgiu de uma discussão sobre o fato de Neymar estar
sofrendo uma espécie de "linchamento moral" por ter a fama de simular
faltas. "Isso [essa fama do jogador] foi reforçado pelas redes sociais,
pelas atuações dele na Seleção Brasileira. Percebemos que estava havendo
uma inversão de valores. Como é que o jogador que é o mais caçado nos
jogos, vira um ícone do 'jogo sujo'? Pode até ser que ele exagere em
algumas faltas, mas e daí? Entre exagerar em algumas faltas e virar
símbolo de um jogador que quer ludibriar as regras do jogo existe uma
distância muito grande", afirmou.
Sendo assim, Barros conta que a Placar
se propôs a discutir, entre outros aspectos, a simulação no futebol e,
naturalmente, Neymar virou o personagem principal. "Uma expressão
corriqueira que se usa quando alguém está sendo vítima de algo é dizer
que ela está sendo 'crucificada'. A primeira palavra que nos veio à
mente foi crucificação. A diferença que tem que ser ressaltada é que
tomamos essa expressão como método de execução pública dos tempos
antigos. A metáfora é com o método. Não há nenhuma intenção de se fazer
uma alusão religiosa", destacou o diretor de redação da revista.
A Placar
já esperava uma grande repercussão com a capa da edição de outubro.
"Sem dúvidas esperávamos essa repercussão. Quando mexemos com questões
sensíveis como essa as pessoas reagem, faz parte do jogo e da
democracia", afirmou Barros. No entanto, ele destaca que, embora o
crucificado mais famoso tenha sido Jesus, "Neymar não está retratado
como Jesus Cristo, nem de longe", na fotomontagem feita pela revista em
sua capa.
Mariana Rennhard
Mariana Rennhard
portalimprensa.uol.com.br
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