Especialista alerta para necessidade de pesquisar passado de candidatos

“Os candidatos falam de projetos para o
futuro, que não sabemos se poderão ser de fato cumpridos. O eleitor
deve, então, buscar elementos para verificar, no passado deles, a
probabilidade de que as promessas realmente se concretizem”, recomenda
Barreto.
Os meios para obtenção dessas
informações podem ser matérias veiculadas pela imprensa, a própria
biografia disponibilizada pelos candidatos e a internet. “Vale a pena
gastar um tempo para garimpar informações que ajudem a traçar um
diagnóstico mais preciso.”
Barreto destaca que simpatia e carisma
são atributos que não devem ser deixados de lado na hora da escolha, mas
não podem, “de forma alguma”, se sustentar sozinhos. “Os grandes
líderes devem ter carisma e capacidade de comunicação, mas também lastro
político, um passado de contribuições relevantes. Na medida em que a
democracia brasileira amadurece, não cabem mais pessoas que tenham
apenas carisma.”
Conhecer a ideologia e a estrutura do
partido do candidato também pode ajudar o eleitor a identificar aquele
que corresponde a suas exigências. Para Barreto, embora as legendas
brasileiras não tenham muita rigidez ideológica, elas podem oferecer
informações importantes para a decisão. “Se o candidato [à prefeitura]
pertence a um partido muito pequeno, pode ser que ele não tenha amparo
na Câmara de Vereadores, pode faltar sustentação política. Também é
importante observar o partido para saber quem são as pessoas que
assumirão os cargos de secretários. Elas provavelmente vão sair do mesmo
partido”, ressaltou.
No pleito deste ano, o eleitor precisa
ainda analisar o alinhamento do candidato a prefeito aos governos
estadual e federal. “É preciso perceber se o que se deseja é um prefeito
que esteja na mesma linha dos demais governos ou se a preferência é por
alguém que seja de oposição”, acrescentou Barreto.
Na opinião da diretora do Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral, organização da sociedade civil que reúne
51 entidades de diversos segmentos, Jovita Rosa, o eleitorado deve ficar
atento, ainda, ao enquadramento das promessas à área de atuação
específica do cargo pleiteado. Ela citou o exemplo de candidatos a
vereador que prometem construir hospitais, reformar escolas e dar
aumento aos professores.
“Não é papel do Legislativo. Ele
[vereador] até pode apresentar um projeto de lei que trate da questão,
mas não pode prometer fazer coisas que cabem ao prefeito. É importante
saber a função de cada cargo. Legislativo é para fazer leis e,
principalmente, fiscalizar o Executivo”, alertou. “Às vezes, essas
falsas promessas indicam má-fé, mas existem casos de despreparo do
candidato, que também desconhece as atribuições do cargo ao qual está
concorrendo.”
Jovita Rosa se disse otimista com os
resultados da eleição deste ano, primeiro de vigência da Lei da Ficha
Limpa, e destacou que o trabalho do eleitor não pode ficar restrito aos
períodos de campanha. “O eleitor deve anotar em quem votou para não se
esquecer de acompanhar a atuação dele nos anos seguintes. O resultado da
falta des acompanhamento e da cobrança popular é a corrupção”, afirmou.
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