“Quem ouve rádio quer companhia”, diz Boechat sobre o perfil de radialista que aprecia
Âncora há sete anos da rádio
BandNews FM, sempre das 7h às 9h, de segunda a sexta-feira, Ricardo
Boechat tem uma política clara de como seus ouvintes devem ser tratados.
“Quem ouve rádio quer companhia, quer alguém com a qual possa se abrir,
que vá ouvi-lo e aceitar sua crítica”.
Ele que tem boa parte de seus 40 anos
de profissão alicerçados no jornal impresso e na TV, comemora no
próximo dia 7 de novembro, uma profissão que leva há “apenas nove anos”:
a de radialista. Em entrevista exclusiva à IMPRENSA, Boechat defende a
necessidade da constante interação com o ouvinte e aponta alguns
caminhos para o futuro do rádio.
Crédito:Divulgação

Ricardo Boechat, âncora da BandNews FM
Ricardo Boechat:
Em São Paulo os ouvintes me escrevem dizendo que o tipo de programa que
fazemos na BandNews FM, especialmente o que eu faço durante a manhã, é
um modelo que lembra muito um programa chamado "O Trabuco", dos anos
1960 e 1970. Havia uma peculiaridade deste programa porque sempre que
ele encerrava, havia um camburão na porta da rádio para levar o
radialista Vicente Leporace, responsável e criador do programa, por
causa de suas duras críticas.
Não acredito que haja um padrão de radialista hoje da mesma forma que existe um padrão entre os apresentadores de telejornal, que todos são igualmente bananas, dentre os quais eu mesmo. Só leem textos e encaminham a apresentação de VTs. Não interagem com os conteúdos, não se expressam, não variam, não improvisam, não fazem nada.
Não acredito que haja um padrão de radialista hoje da mesma forma que existe um padrão entre os apresentadores de telejornal, que todos são igualmente bananas, dentre os quais eu mesmo. Só leem textos e encaminham a apresentação de VTs. Não interagem com os conteúdos, não se expressam, não variam, não improvisam, não fazem nada.
No rádio passou a existir uma
linguagem um pouco diferente da anterior, mas não de postura. Você
sempre teve no rádio um diálogo com a audiência que a televisão jamais
teve, até pela natureza do veículo, por sua instantaneidade.
IMPRENSA: Até que ponto a identificação com o âncora influência na audiência da rádio?
Certa vez estava em um debate de
rádio e alguém do Grupo Bandeirantes disse algo que levo como lema.
“Quem ouve rádio quer companhia”. Ele quer alguém com o qual possa se
abrir, que vá ouvi-lo e aceitar sua crítica, que não vai te trai-lo.
Esta é a proposta que levo.
IMPRENSA: Qual é a tendência para o rádio para os próximos anos?
Eu ouvi que o rádio iria morrer
várias vezes ao longo da minha vida. E ele está vivendo um momento
glorioso, ainda bem, para todo mundo. O que eu tenho dito para
estudantes e colegas de profissão é que vivemos em uma era que dá ao
cidadão a possibilidade de ser propagador do fato. O que os grandes
grupos de comunicação foram durante um longo tempo? Detentores de uma
chancela histórica, cultural, que lhes dava o monopólio, exclusividade
de propagar determinado fato.
O que aconteceu com as novas mídias?
Cada testemunha ocular da história, mesmo que seja um assalariado comum,
tem um celular com acesso a internet que filma, grava e fotografa. Acho
fascinante tudo isso. Não se trata mais de apenas colaboração do
ouvinte, mas de apropriação mesmo da notícia. A tecnologia vai dar ao
cidadão o poder de ser o dono do fato e de sua difusão.
Portalimprensa
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