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Antecipar eleição pode ser “tiro no pé”, diz cientista político
domingo, 24 de fevereiro de 2013 Posted by Silvano Silva ✔


A 18 meses das eleições de 2014, o assunto predominante nos partidos são as costuras políticas para o próximo pleito, inclusive com o lançamento de pré-candidatos ao Governo do Estado. A antecipação da campanha fortalece o candidato à reeleição e desgasta os representantes da oposição. A avaliação é do cientista político e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Ítalo Fittipaldi.
De acordo com o estudioso, a melhor estratégia oposicionista, para entrar na disputa de igual para igual, seria manter certa incógnita, pelo menos até o começo do próximo ano, de quem seria o candidato. “Isso não quer dizer que ele (o pré-candidato) não deva trabalhar nos bastidores, mas que essa candidatura não esteja nas páginas dos jornais, não esteja na mídia de um modo geral”, alertou.
Ítalo Fittipaldi explicou que para quem está no governo o time é indiferente. “Se ele vai lançar candidatura agora ou no começo do ano que vem não tem importância nenhum, para quem está no governo”, destacou o professor. Ele informou que naturalmente se espera a candidatura à reeleição de quem estar no poder. “E ele [governante] não precisa trabalhar contra o desgaste do nome dele, pois o mesmo ocorrerá durante a própria administração e essa a avaliação será feita na própria eleição”, declarou.
Além disso, o estudioso afirmou que, no âmbito administrativo, a prática de antecipar um debate eleitoral trás dificuldades à oferta de políticas públicas prioritárias em detrimento de projetos eleitoreiros. “Essa antecipação contamina a própria administração pública estadual, que passa a ter a execução de algumas políticas públicas orientadas, exclusivamente, pelo calendário eleitoral”, comentou. Ítalo Fittipaldi destacou ainda que à relação entre os Poderes Executivo e o Legislativo também é afetada por conta disso.
Cenário de 2014
Se as eleições fossem hoje haveria pelo menos seis candidaturas ao Governo do Estado. Uma seria a candidatura natural à reeleição do governador Ricardo Coutinho (PSB). O ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rêgo encabeçaria a chapa do PMDB. Outra representaria o bloco formado pelo PT, PP e PSC ainda sem candidato oficial, mas que tem o ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro e o ex-prefeito de João Pessoa Luciano Agra como opções. No caso de Agra, ele teria que se filiar a um desses partidos. Fala-se em conversas bem avançadas com o PT.
Ainda ventila-se a possibilidade de o PSDB ter o senador Cássio Cunha Lima na disputa, mas se depender da vontade do presidente estadual da legenda, deputado federal Ruy Carneiro, a candidatura tucana é tida como certa. Além destas, ainda há a candidatura do PCO e do PSTU, que devem dividir a chapa com o PSOL, que também já demonstrou o mesmo desejo.
Tempo trabalha contra quem está na oposição
Ítalo Fittipaldi disse que o tempo trabalha contra quem está na oposição até durante costuras para composição das alianças políticas. Segundo ele, cada caso é um caso, mas os prejuízos batem à porta dos oposicionistas constantemente. “Isso porque, está se antecipando um quadro que ainda não se materializou. Então, determinadas alianças que podem ser muito interessantes a 16 meses da eleição, pode ser que não sejam mais seis meses antes”, explicou.
Além disso, o professor destacou que, naturalmente, quem faz o candidato de oposição tem mais dificuldade de atrair partidos para o arco de alianças, pois disputará contra quem está com o poder na mão. “No geral, se deixar para muito próximo da eleição pode-se perder o aliado em potencial e se antecipar muito pode ter aliados em potencial que não vão acrescentar nada a sua candidatura”, disse.
Por outro lado, esclareceu que, nesse caso, é necessário construir um arco de aliança muito bem desenhado. “Essa sintonia fina é o grande pulo do gato para ser ter uma boa candidatura oposicionista”, afirmou Ítalo Fittipaldi.
Processo prejudica atuação das atuais gestões
O cientista político José Henrique Artigas elencou vários prejuízos causados pela antecipação de uma eleição. O maior deles atinge a sociedade, no que diz respeito à execução de projetos. “Durante esse período os projetos de governo são executados de forma imediatista, paternalista e clientelista e benefícios trazidos por eles acabam sendo trocados por votos”, afirmou o estudioso.
No legislativo, segundo ele, o prejuízo é no tocante a paralisação ou morosidade dos trabalhos. Artigas lembrou que numa eleição estadual os parlamentares são candidatos natos e reeleição e param de exercer sua principal função, trabalhar na campanha. “Eles começam a correr atrás dos votos e deixam o debate parlamentar de lado”, ressaltou. Além disso, ponderou que, com a antecipação da campanha, a briga se dá em torno de candidatos, de forma personalizada, e não do melhor projeto de Governo para o Estado.
Cenário de 2014
Com relação aos prejuízos políticos, aos que apostam na antecipação da campanha, José Henrique Artigas alertou que, no momento em que o candidato se lançar como pré-candidato, todos os opositores “vão bater nele”.
“Se não houver a antecipação os opositores seguram as críticas. Dessa forma, os que se anteciparem ficarão expostos para serem bombardeados por mais tempo. Já os que preferirem esperar, terão mais tempo para trabalharem as bases eleitorais e construir as alianças”, explicou Artigas. Ele disse que um caso emblemático desse tipo ocorreu na disputa pela prefeitura de João Pessoa. “Estela foi alvo de inúmeras criticas devido à proximidade que tinha com o Governador. A oposição que se fez a Estela foi procurando atingir Ricardo Coutinho”, destacou.
Partidos ainda estão indefinidos
Artigas acredita que, embora muitos nomes já sejam cotados para a disputa, há ainda uma grande indefinição sobre os nomes que realmente entrarão na briga pelo Governo. Para ele, o PSDB deve seguir na aliança com o PSB e trabalhar pela reeleição de Ricardo Coutinho.
“Com a derrota de Cícero Lucena em 2012, acredito que haverá uma aliança oficial do PSDB com o PSB. Essa aliança tem grande chance de vitória”, reforçou. Sobre o PT, ele afirmou que o partido não tem um nome forte para apresentar.
Já as previsões de Artigas para o PMDB é de rompimento. “O nome que está posto é o de Veneziano, mas ele não é o único e por conta disso ainda vai se abrir uma disputa”. Se entrar na disputa dividido, Artigas diz que o PMDB favorecerá o projeto de reeleição de Ricardo Coutinho.
“Discussão teve início em 2012”
Para o também cientista político e professor da UFPB, Jaldes Reis de Meneses, a antecipação da eleição de 2014 é uma prática dos oposicionistas e foi iniciado no processo eleitoral do ano passado, quando foram escolhidos os novos prefeitos, principalmente nos municípios de João Pessoa e Campina Grande – os dois maiores colégios eleitorais do Estado.
“Isso aconteceu porque, na Paraíba, a luta pelo poder é extremamente radicalizada. Mas, nada está definido ainda e muitas alternativas irão surgir e o desfecho mesmo de tudo isso será iniciado em julho de 2014, durante o período das convenções partidárias”, frisou Jaldes.
Ele afirmou que a oposição vem vivendo um momento extremamente difícil, tanto do cenário nacional como no local. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff e o governador Ricardo Coutinho são os favoritos da disputa.
Por outro, lado comentou que no Estado a situação é muito confortável para o Governo, devido à desarticulação da oposição. Para ilustrar a afirmação, Jaldes fez uma análise do cenário político que vem se desenhando nos últimos meses. “O candidato mais competitivo seria Veneziano, mas a coligação a que pertence é uma desorganização total e esse embate tem sido muito positivo ao Governo. O bloco liderado pelo PT não tem candidato competitivo, porque, a meu ver, Aguinaldo não entrará nessa briga. Luciano Cartaxo também não e fora esses nomes os demais são muito frágeis”, avaliou Jaldes.
Por fim, destacou que quem deve definir as próximas eleições será Campina Grande. “E lá o prefeito Romero Rodrigues é aliado do governador”, concluiu.



jornal correio da paraíba

Silvano Silva ✔

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