Fé é capaz de filtrar as intenções e combater o mal, diz vidente
Marina Gold
É
conhecida a história do sujeito que queria apanhar um coelho. Quanto
mais ele corria, mais corria o coelho – e se distanciava. Cansado, ao
parar, notou surpreso que o coelho também parava. O desfecho deixo
aberto para a escolha do leitor. Ficam ambos numa perseguição sem fim
ou, melhor ainda, depois de respirar um pouco o coelho olha ao redor e,
saltitando, segue justamente para o colo daquele que tanto empenho e
energia tinha investido inutilmente na sua captura.
O mesmo se passa com a fé. Tentar
explicá-la é inútil. Mais tentamos, mais ela se afasta de nós. Isso não
significa que não possamos, ao parar, compreendê-la à perfeição. Por que
será que a definição de fé acaba sendo tão complicada? Talvez porque
ela seja um sentido que se localiza no interior do ser.
Muitos dizem que é possível alcançar a
condição de crente, pressupondo que seja um dado que possa ser colhido,
“pela dor ou pelo amor”, na realidade exterior. Não. O problema da fé
não é questão de escolha, é algo bem maior, questão de merecimento,
evolução cármica, dádiva.
A fé, ao contrário do que o senso comum
preconiza, não deve ser o desfecho definitivo que nos permite sair das
dúvidas, mas o estímulo que, sem desviar delas, impulsiona para que
vivamos com inteligência e dignidade num cenário de falta de certezas
absolutas. A fé faz com que o homem não passe apenas e simplesmente pela
vida. Faz com que ele possa dirigir a vida, dando fundamento para a
imagem que temos de nós mesmos e do nosso lugar específico entre os
demais seres.
O homem não pode ser compreendido a
partir de si mesmo. Sem fé, ele acaba derivando para o lado dos animais;
com ela, deriva para o lado de Deus. Que diferença isso faz! Na medida
em que somos seres da ação, é bom saber se agimos apenas para satisfazer
um instinto ou para levar a cabo um projeto maior, que transcende o
puramente animal.
A fé nos leva para além das urgências e
das carências, quebra nossa “programação”, eleva-nos para outra
realidade em que somos orgulhosos não do nosso ser biológico e orgânico,
mas do nosso ser humano.
Perguntemos sobre a diferença
fundamental entre nós e os outros animais. Enfrentamos igualmente o meio
ambiente natural – temos sede, fome, frio… Todavia, para nossas almas
individuais (aproveito para notar: os animais compartilham almas
coletivas) a evolução espiritual possibilita traços mais ou menos
desenvolvidos de fé, instrumento para nos reorientar e determinar melhor
as escolhas de vida.
A fé nos liberta da nossa condição
básica de animalismo. Permite que possamos viver um plano de vida
esotericamente elevado, vida simbólica para além da instintiva. A fé é
conhecimento que nos auxilia a agir melhor, filtra nossas intenções,
combate o mal e o pior.
por Davi Lambertine
Terra




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