No Dia do Silêncio, João Pessoa tem 2,1 mil queixas de barulho
O Batalhão de Polícia Ambiental apreendeu 83 paredões até segunda-feira (6) na Grande João Pessoa

O
excesso de barulho incomoda, provoca danos a saúde auditiva e gera
estresse. Este ano, até o dia 25 de abril, a Divisão de Fiscalização da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente de João Pessoa (Semam) recebeu
2.195 reclamações de poluição ambiental, sendo que 1.416 (64,51%) são de
poluição sonora. Números que representam 12 ocorrências por dia. No ano
passado, foram 10.514 chamadas, tendo 7.486 relacionadas ao abuso do
som. Já o Batalhão de Polícia Ambiental apreendeu 83 paredões até
segunda-feira (6) na Grande João Pessoa. Hoje é comemorado o Dia do
Silêncio, mas quem vive em ambientes barulhentos não tem o que
comemorar.
Em geral, as principais fontes causadoras de
denúncias de poluição sonora são equipamentos de som instalados em
carros particulares, parados em áreas residenciais ou perto de unidades
de saúde. No entanto, o abuso do som ocorre em qualquer lugar, inclusive
nos ônibus. No início de abril, um Projeto de Lei que proíbe o uso de
aparelhos sonoros nos transportes coletivos foi aprovado pela Assembleia
Legislativa da Paraíba (ALPB) e aguarda a aprovação do governo
estadual.
Apesar de não ser o alvo de denúncias, o Centro da
Capital é considerado, pela população e comerciantes, barulhento devido à
quantidade de veículos que circulam pelo local, carros de som,
carrinhos de CDs e DVDs e locutores de lojas anunciando as ofertas e
disputando a atenção do cliente. Segundo o subcomandante do Batalhão de
Polícia Ambiental, major Oscar Beuttenmüller, 40% das apreensões de
paredões deste ano foram em Mangabeira. “É um bairro com um grande
contingente populacional e por isso, registra o maior quantitativo de
apreensões”, afirmou.
Ainda de acordo com o subcomandante do
Batalhão de Polícia Ambiental, quando recebe a denúncia, uma equipe vai
verificar a informação. De início, o major informou que é feita uma
advertência. Em caso de reincidência, o equipamento é apreendido. Em
seguida aplicada uma multa que varia de R$ 5 mil a R$ 10 mil, mas pode
até chegar a R$ 50 milhões, conforme determina a legislação. “Nesse
final de semana, apreendemos seis paredões na praia do Seixas e no
Geisel. Alguns ficam aqui no Batalhão. Outros vão para a Sudema”,
revelou.
Poluição de natureza grave
Na maioria dos casos se
caracterizam poluição sonora de natureza grave, tendo entre 15 e 40
decibéis acima do limite permitido pela legislação. Na área residencial,
durante o dia é permitido até 55 decibéis, caindo para 50 durante a
tarde e 45 durante a noite. De acordo com o chefe de Fiscalização da
Semam Allison Cavalcanti, ano passado foram instaurados 36 autos de
infração por poluição sonora. Este ano, apenas um registro desse tipo.
Quem for autuado está sujeito a pagar multa que varia de R$ 1.201 a R$ 5
mil. “Mas para que isso aconteça é imprescindível o flagrante no
momento da chegada da fiscalização”, afirmou.
Exposição diária pode provocar perda gradativa da audição
Exposição diária pode provocar perda gradativa da audição
A otorrinolaringologista Keylla Cavalcante Alves informou que a
exposição diária de 85 decibéis por 8h pode trazer perda auditiva em
pessoas que tenham ouvido sensível. Ela destacou que a Perda Auditiva
Induzida Por Ruído (Pair) só será diagnosticada se apresentar indícios.
“De início as pessoas não tem percepção e só vão saber quando começam a
perceber quando sinais como zumbidos aparecem. Isso já é sinal que o
ouvido ta reclamando. Olha que estou sofrendo e isso precisa ser
tratado”, disse.
Ainda de acordo com a especialista, além da
perda da audição, o excesso de ruído pode provocar também o estresse,
principalmente naquelas pessoas que estão sendo expostas diariamente ao
barulho. Um dos equipamentos que precisa ser cuidado é o fone de ouvido.
“O fone de ouvido é um lazer e não pode exceder o volume”, afirmou.
Chamados triplicam durante o final de semana
Os chamados aumentam na sexta-feira e no sábado. Durante a semana,
em média são 20 chamados, e finais de semana chega a 70. Allison
Cavalcanti ainda comentou que a fiscalização trabalha com outras
atividades como construção em local irregular, desmatamento em Área de
Preservação Permanente (APP).
O projeto
O Projeto de Lei de
número 1.229/13, de autoria do deputado estadual Gervásio Maia (PMDB),
que proíbe o uso de aparelhos sonoros nos transportes públicos em todo o
Estado foi aprovado no dia 3 de abril, por unanimidade, em votação na
ALPB. Está faltando apenas sanção do governador Ricardo Coutinho (PSB). O
projeto surgiu após reclamações dos passageiros que eram obrigados a
ouvir o som alto durante o trajeto do coletivo.
Por Aline Martins do Jornal Correio
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