Juiz ordena detenção de presidente deposto no Egito, Mohamed Mursi
Um juiz de instrução do Egito ordenou a detenção do presidente
deposto, Mohamed Mursi, sob uma série de acusações, incluindo o
assassinato de soldados e a suposta comunicação que teve com o grupo
palestino Hamas para que o ajudasse a fugir em 2011 da prisão, informou
nesta sexta-feira a agência de notícias estatal Mena.
A detenção foi criticada pela Irmandade Muçulmana - a qual pertence
o ex-presidente. O líder do grupo islâmico, Essam El-Erian, afirmou que
a decisão do juiz mostrou o verdadeiro regime militar fascista no
Egito.
“Ao anunciar a decisão de deter um presidente legítimo que tem
imunidade, que não deve enfrentar um julgamento exceto em procedimentos
constitucionais específicos, num momento muito suspeito, na ausência dos
conceitos mais simples do estado de direito, na ausência de seu
advogado, mostra a natureza da luta do regime militar fascista atual”,
disse El-Erian em sua página oficial no Facebook.
Mohammed Mursi ficou preso durante 15 dias sujeito a investigação, e
a detenção pode ser ampliada até a conclusão do processo
investigatório. De acordo com a agência Mena, o ex-presidente já foi
interrogado, no que constitui a primeira versão oficial sobre sua
condição judicial. Mursi está sob custódia militar em local desconhecido
desde o golpe militar de 3 de julho.
O porta-voz do grupo islâmico, Ahmed Aref, criticou as condições da
investigação e afirmou que o juiz teria sido pressionado pelas forças
armadas.
- Existe um advogado presente nas investigações com Mursi? Foi dada
a oportunidade de Mursi se defender? Onde está Mursi em primeiro lugar?
Ele foi levado ao juiz de instrução ou o juiz foi até ele? - questionou
Aref.
O anúncio da detenção seguiu ao chamado do chefe militar geral
Abel-Fatah el-Sissi à população para que realizem nesta sexta-feira
grandes manifestações em rejeição ao que descreveu como terrorismo e
violência, em clara referência à Irmandade Muçulmana.
O líder espiritual do grupo chamou el-Sissi de traidor, afirmou que
o golpe militar liderado pelo general era pior que a destruição da
Kaaba na Meca, a cidade mais sagrada do Islã.
Por sua vez, a Irmandade convocou protestos também para esta
sexta-feira, o que fez aumentar os temores de conflitos entre os dois
grupos de manifestantes ou com as forças militares. Desde o golpe,
confrontos entre partidários do ex-presidente e opositores levaram à
morte de dezenas de pessoas. O comando militar se comprometeu a manter a
ordem e a impedir qualquer ato de violência.
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