Período de chuva termina e 202 cidades ainda sofrem com estiagem
Dos 223 municípios paraibanos, 202 (90,5%)
estão com decretos reconhecidos de emergência por causa da estiagem,
conforme o Ministério da Integração Nacional. Destes, 195 foram decretos
do Estado, que segundo o secretário de Estado da Infraestrutura (Seie),
Efraim Moraes, vencerão nos próximos dias, mas serão prorrogados,
porque a seca tende a piorar, nos próximos meses. Os demais são decretos
municipais. “O pior da seca virá agora, com a escassez da água (fim do
período chuvoso no Estado). Estamos abastecendo 155 cidades com
carros-pipa e a previsão é de aumentar nos próximos meses e o governo
está acompanhando junto com a Defesa Civil Estadual”, revelou.
Desde o ano passado, o governo do Estado
recebeu R$ 30 milhões para investir nos programas de abastecimento por
carro-pipa, distribuição de ração e a recuperação e perfuração de poços.
“Até o final de setembro, teremos 500 poços recuperados”, afirmou o
secretário.
Segundo o presidente da Federação das
Associações de Municípios da Paraíba (Famup), Rubens Germano (Buba
Germano), 170 sistemas simplificados de abastecimento de água serão
construídos em 50 municípios. O valor liberado pelo Ministério da
Integração Nacional para essas obras foi de R$ 22,1 milhões. No
Nordeste, nove estados serão contemplados com mil sistemas num valor de
R$ 130 milhões. “Essa conquista foi das associações dos municípios após
reuniões entre a Confederação Nacional de Municípios, entidades
estaduais e o Ministério da Integração Nacional”, revelou. Ele disse que
a Paraíba já conta com o programa Água para Todos, que atende 100
municípios, e com isso, o número subiu para 150 atendidos com obras do
sistema simplificado de abastecimento de água.
Reserva hídrica de 36%
De acordo com a Agência Executiva de
Gestão das Águas (Aesa), a Paraíba tem capacidade para acumular mais de
3,9 bilhões de metros cúbicos de água em 121 reservatórios (os mais
importantes, monitorados pelo órgão). Mas, o volume atual só chega a
pouco mais de 1,4 bilhão, ou seja, 36,8% da água que deveria acumular.
“Essa situação é resultado de dois anos
consecutivos de chuvas abaixo da média histórica (2012 e 2013) de
Cabedelo a Cachoeira dos Índios, principalmente em 2012 quando a chuva
ficou abaixo da média. No ano passado, nenhum açude teve recuperação”,
afirmou o gerente de Monitoramento e Hidrometria da Aesa, Lucílio
Vieira, destacando que este ano, Litoral, Brejo e Agreste apresentou
comportamento dentro da média e em algumas cidades acima da média.
Apesar de ainda ter previsão da situação
em 2014, Lucílio Vieira revelou que, se chover em todas as regiões acima
da média, é possível reverter esse quadro. “Todos ficariam cheios. Já
se chover dentro da média, os açudes pequenos recuperariam e os maiores
estariam com a capacidade entre 70 e 80% cheios, mas é importante
lembrar que só faremos a previsão do próximo ano entre novembro e início
de dezembro”, destacou.
Dos 121 reservatórios monitorados pela
Aesa, apenas quatro estão sangrando: Araçagi (em Araçagi),
Gramame/Mamuaba (no Conde), Jangada (Mamanguape) e Olho D’Água (Mari),
todos no Litoral e Agreste. A situação dos reservatórios localizados no
Sertão é a mais crítica. Os dois açudes de Patos estão praticamente
secos. O Jatobá está com apenas 4% de sua capacidade, que é 708.795 m³
de água; e o Farinha com 6,6% de um total de 1.705.400 m³ de sua
capacidade de água.
Ainda no Sertão, oito reservatórios estão
com menos de 5% de sua capacidade de armazenar água: Emas (Emas);
Carneiro (Jericó); Chupadouro I (São João do Rio do Peixe); São Mamede
(São Mamede); Bastiana, Sabonete e São Francisco II (Teixeira) e Várzea
(Várzea).
No Cariri, os reservatórios Serrote
(Monteiro), Campos (Caraúbas), Taperoá II (Taperoá) Ouro Velho (Ouro
Velho), Prata II (Prata), São José III (São José dos Cordeiros) são os
que estão com os níveis mais baixos (menos de 5%). Na mesma situação
estão São José IV (São José do Sabugi) e Caraibeiras (Picuí), no Seridó.
Sertão: cenário desolador
Uma cena chamou a atenção do padre Djacy
Brasileiro quando viajava para a região de Patos por volta das 11h do
último sábado. No meio da estrada, da cidade de Boa Ventura, no Sertão
paraibano, um sol castigante, encontrou um homem de 77 anos carregando
duas latas cheias de água. De sua casa até um poço onde buscava a água
fica a uma distância de 300 metros. “Parei e fui conversar com ele.
Tentei pegar as duas latas como ele fazia, mas era muito pesado. Me
admirei com a força dele. Acredito que ele faz isso diariamente”,
afirmou.
Ainda de acordo com o padre, a situação no
Vale do Piancó melhorou um pouco com as chuvas, mas ainda não foi
suficiente para o pasto e nem deu para encher os reservatórios. Na
região de Patos até Soledade, não choveu. “A situação é crítica. Os
açudes e a vegetação secos. É caótica a situação. Não queremos soluções
paliativas, queremos definitivas com a transposição do São Francisco
para realmente combater a seca. Há um mês e 15 dias, visitei o lote 7,
em São José de Piranhas, e estavam paradas as obras”, afirmou,
destacando que a situação do povo sertanejo ainda não é pior porque
existem os carros-pipa abastecendo as localidades.
Com o caririligado.com.br/
|




Nenhum comentário: