PB: 112 farmácias funcionam sem farmacêutico
Estado está entre os dez estados com a maior quantidade de farmácias irregulares
Segundo senso lançado nesta segunda-feira, 20, pelo
Instituto de Pós Graduação para Farmacêuticos (ICTQ), metade das 97 mil
farmácias e drogarias do Brasil funciona irregularmente, sem técnico
responsável em horário integral. Na maioria, a falta ocorre em certas
horas do dia, mas 10% delas não têm farmacêutico nunca.
No caso da Paraíba, a falta de farmacêuticos chegou ao Ministério
Público, onde 112 farmácias funcionam sem o profissional. Alguns
estabelecimentos se livraram de punição porque provaram que não
preenchem as vagas por falta de interessados.
No ranking dos estados com o maior número de farmácias ilegais, a
Paraíba ocupa a 9ª colocação. Os demais estados são: Piauí(948 farmácias
sem farmacêuticos), 849 (Maranhão), 842 (Pará), 741 (Pernambuco), 475
(Alagoas), 317 (Sergipe), 225 (Amazonas), 129 (Bahia) e 88 (Rio grande
do Norte).
ALei de 1973 determina a presença do farmacêutico durante todo o
tempo de funcionamento da farmácia, sob pena de multas e até interdição
do local.
Entre as funções do farmacêutico estão conferir a receita do médico,
orientar o consumidor sobre o remédio e prescrever remédios que não
exijam receita médica.
"Em muitas farmácias, é o atendente que faz as vezes de farmacêutico.
Isso expõe a população a complicações em quadros clínicos de saúde e
até risco de morte", afirma Marcus Vinícius Andrade, que coordenou o
estudo.
Dos 1.923 usuários entrevistados, 54% não conseguem diferenciar o farmacêutico do atendente de balcão.
A maior parte das farmácias irregulares se concentra no Nordeste e no
Norte. Piauí, Maranhão e Pará lideram o ranking, com 2.639
estabelecimentos sem farmacêuticos.
Para a Abrafarma (associação brasileira de farmácias)existe um
déficit de ao menos 30 mil profissionais. Hoje há 180 mil farmacêuticos
registrados no país, mas 30% não trabalham em farmácias. Atuam em
laboratórios e unidades de saúde, por exemplo.
"Muitas querem contratar, mas não encontram profissionais. Tem rede
reduzindo as unidades 24h porque não acha farmacêutico", diz Sérgio Mena
Barreto, presidente da Abrafarma.
Já o CFF (Conselho Federal de Farmácia) nega que haja falta de
profissionais e afirma que o problema é o excesso de farmácias, muitas
delas funcionando de forma ilegal.
"O Brasil tem cinco vezes mais farmácia do que o necessário. Qualquer
baiuca se intitula farmácia, coloca uma prateleira e começa a vender
remédio", diz Walter Jorge João, presidente do CFF.
Segundo ele, há farmacêuticos suficientes e, nos próximos quatro anos, as escolas devem formar mais 80 mil.
João diz que em muitas farmácias tidas como irregulares a ausência do
farmacêutico é temporária. "Saiu para almoçar ou está férias e a
farmácia não conseguiu repor", explica ele, que contesta os resultados
da pesquisa. "Será que eles foram em todas as farmácias e em todos os
horários para concluir isso?"
O ICTQ diz ter cruzado dados de todos os conselhos de farmácia do
país com os de farmácias e drogarias. Além disso, entrevistou 1.923
usuários e 2.331 profissionais.
Para Pedro Eduardo Menegasso, presidente do Conselho Regional de
Farmácia de São Paulo, o déficit é causado pela má distribuição dos
farmacêuticos. "É o que acontece no caso dos médicos. Há uma
concentração de profissionais no Sul e no Sudeste."
"Fechar farmácias por falta de farmacêutico não é um bom negócio para
a população, sobretudo nas cidades menores", diz Mena Barreto.
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