A 100 dias da Copa, Fifa apela para mobilização dos brasileiros
No
Brasil, a data simbólica de 100 dias do início da Copa do Mundo de
futebol será marcada pela iluminação especial de monumentos nas 12
cidades-sede. Na França, emissoras de rádio e televisão dedicam
programas e edições especiais para falar do Mundial, enquanto a Fifa fez
um apelo pela mobilização dos brasileiros.
Para marcar a data simbólica, a FIFA divulgou
uma entrevista do presidente Joseph Blatter ao site da entidade e
mensagens em várias línguas. “Todos os problemas estão sob controle e em
100 dias teremos um início excepcionalmente bom para uma competição
excepcional – a Copa do Mundo da FIFA no Brasil, o país do futebol”,
disse.
Blatter foi só elogios ao anfitrião da Copa. “O futebol foi inventado
pelos ingleses, mas foram os brasileiros, artistas e acrobatas da bola
que mostraram ao mundo o grande futebol”, esporte que, segundo o
presidente da Fifa, “faz parte da filosofia do país”.
Blatter aproveitou a entrevista para fazer um apelo aos brasileiros:
“Mobilizem-se pelo futebol. Vivam esse grande evento que vai permitir
não só ao vosso país mas, ao mundo inteiro, de vibrar com um jogo
universal, que vocês brasileiros o transformaram de tal maneira”.
O tom otimista também foi adotado pelo secretário-geral da FIFA. No
final de semana, Jérôme Valcke, encarregado de acompanhar a preparação
do país também garantiu que a Copa no Brasil será um evento excepcional.
“É um trabalho de última hora, mas, no final, tudo sairá perfeito. E
vamos ter o que esperamos e as equipes também terão o melhor. Os
estádios certamente são muito bonitos. Agora é apenas um desafio para os
organizadores”, comentou.
País sob tensão
A imprensa francesa, que dedica reportagens e cobertura especial
ressalta que a 100 dias da abertura da Copa, o Brasil está sob tensão
com atrasos nas obras e muitos problemas de infraestrutura. A rejeição
de 38% dos brasileiros ao evento, como mostrou uma pesquisa recente, é
justificada pelos custos exorbitantes dos estádios e obras, escreve o Aujourd’hui en France.
Le Figaro informa
que o país está numa “corrida louca contra o relógio” e lembra que dos
doze estádios, cinco ainda não foram concluídos, apesar da data de
entrega fixada para 31 de dezembro. Os altos índices de criminalidade no
Brasil e as dificuldades de transportes, principalmente em relação aos
aeroportos, também mereceram destaque nas reportagens veiculadas pela
imprensa.
Com o fim do carnaval, o Brasil deverá acelerar a 100 Km/h para deixar tudo pronto para o Mundial, escreve o jornal gratuito Metronews, em referência aos 100 dias que faltam para o início da Copa.
Em entrevista ao correspondente da RFI no Brasil, François Cardona, o
diretor do Centro de Estudos Brasileiros de Infraestrutura (CBIE),
Adriano Pires, afirma que o país não vai mostrar uma bela imagem durante
a Copa.
Com o fim do carnaval, o Brasil deverá acelerar a 100 Km/h para
deixar tudo pronto para o Mundial, diz o jornal gratuito Metronews, em
referência aos 100 dias que faltam para o início da Copa.
Riscos com segurança
Em entrevista ao correspondente da Rádio França Internacional no
Brasil, François Cardona, o diretor do Centro de Estudos brasileiros de
infraestrutura, Adriano Pires, afirma que o país não vai mostrar uma
bela imagem durante a Copa. Segundo Adriano, responsível por acompanhar o
desenvolvimento das obras para o evento, os estádios estarão prontos,
mas os torcedores enfrentarão problemas para se locomoverem pelo país.
“A Copa do Mundo vai ser realizada com aeroportos e rodovias em
situação muito precária”, acredita. “Por isso que o governo vai decretar
feriado durante a Copa, para diminuir o movimento nos aeroportos. Com
isso, você tenta tenta suprir a deficiência com uma queda do número de
passageiros”, avalia.
Os altos índices de criminalidade, especialmente entre torcidas,
poderão ser outro problema importante para as autoridades do país
anfitrião, na opinião do sociólogo especializado em esportes Maurício
Murad.
“Atualmente, o Brasil é o país que tem o maior número de mortos
provocados por violência entre torcidas organizadas”, afirmou. “Os
estádios não têm uma fiscalização adequada para tentar evitar a entrada
de armas, drogas e álcool. E a impunidade é geral no país, na política,
no trânsito, e também no futebol”, afirma. “Os policiais que estarão nas
ruas não têm preparo para lidar com multidões”, avalia.
“Nós tivemos sete anos para criar um plano de segurança, para
treinamento e equipamento das forças policiais e não foi feito. Agora,
estamos a três meses da Copa e não conseguiremos fazê-lo. Há riscos e é
preciso ter muito cuidado”, alerta Murad.
RFI
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