No Nordeste, cidades da Copa são muito mais violentas que África do Sul
Os Estados no Nordeste foram os mais ágeis para erguer os estádios da Copa. Mas, com exceção de Recife, não fizeram o dever de casa para aproveitar a competição e deixar um legado de segurança para seus habitantes.
A ponto de fazer a África do Sul, sede do Mundial em 2010 e tão "temida" por sua violência que impressionava pelas ruas desertas à noite, um "oásis" de segurança quando comparado com os índices atuais de violência de Fortaleza, Natal e Salvador.
O ESPN.com.br tabulou os dados de homicídios de 2013, fornecidos por órgão de segurança pública, nas cidades da Copa. Depois, listou a população das cidades pela projeções do IBGE. Então calculou o índice de assassinatos por 100.000 habitantes, a medida padrão internacional para atestar o quanto uma cidade é violenta.
E os números brasileiros são alarmantes e muito próximos aos divulgados pela ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública, que todo ano faz um ranking com as 50 cidades mais violentas no mundo. Na última lista aparecem 16 cidades brasileiras, incluindo sete sedes da Copa do Mundo.
O caso mais alarmante é o de Fortaleza, sede de jogos importantes do Mundial, incluindo possivelmente dois da seleção brasileira. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Ceará, a cidade teve no ano passado 2.017 homicídios. Isso significa uma taxa de 79 assassinatos para um grupo de 100 mil habitantes.
Voltemos à África do Sul. Em 2010, ano do Mundial naquele país, as quatro cidades mais violentas do país ficavam longe dos números de Fortaleza. A cidade mais perigosa era a Cidade do Cabo, com 46,2 homicídios para 100.000 habitantes. Em Port Elizabeth o índice era de 45,5, caia para 36,9 em Durban e despencava para 30,6 em Joanesburgo.
Outras duas sedes nordestinas superam a violência sul-africana. Em Natal, foram 66,6 assassinatos para cada 100 mil habitantes em 2013. Em Salvador, foram 47. Fora do Nordeste, destaque negativo para Manaus, com o índice de 42,5.
A comparação com o que acontecia em 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa, é prova que algumas sedes do evento não se prepararam para ficarem mais seguras.
De acordo com o Mapa da Violência, a mais completa publicação sobre segurança no Brasil, o número de assassinatos naquele ano era muito menor do que o registrado em 2013 em boa parte das cidades da Copa.
Em 2007, Natal teve 28,3 homicídios para cada 100 mil habititantes, número que mais do que dobrou no ano passado. Em Fortaleza, o número de mortes violentas praticamente dobrou. Em Salvador teve uma leve subida.
Exceção nordestina é o Recife. Em 2007, a capital pernambucana teve 87,5 homicídios para 100.000 habitantes. No ano passado, sua taxa despencou para 28,3, mas ainda assim bem próxima do que acontecia na "temida Joanesburgo" em 2010.
Já nas duas principais sedes da Copa a situação melhor. Há sete anos, São Paulo tinha 17,4 assassinatos para 100 mil moradores. No ano passado, ficou em 10. No Rio de Janeiro, o indice caiu de 35,7 para 20,6.
Uol
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