Votação do Marco Civil da Internet é adiada novamente
(Foto: Reprodução)
Após pedido do governo para tentar construir a maioria necessária à
aprovação do Marco Civil da Internet, o presidente da Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu transferir para a
próxima semana a votação do projeto.
"Recebi um apelo do ministro [Aloizio] Mercadante [da Casa Civil] e
do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para adiar a votação por
mais uma semana, para tentar acordar o texto, para que seja um texto
aprovado por toda a Câmara. Como eu acho que o tema merece essa
compreensão e esse consenso, estou retirando de pauta. Mas já pautei
para terça-feira que vem", disse ontem (12) Alves.
O Marco Civil da Internet tramita em regime de urgência a pedido do
próprio governo. Por falta de consenso, não foi votado no ano passado,
trancando a pauta da Câmara desde outubro.
Na terça-feira (11), havia previsão de que os deputados debatessem o
mérito do texto apresentado pelo relator Alessandro Molon (PT-RJ), mas,
diante da crise entre a bancada do PMDB na Câmara e o Palácio do
Planalto, que acabou resultando na aprovação de uma comissão externa
para investigar denúncias de pagamento de propina a funcionários da
Petrobras, o governo decidiu recuar e o texto não foi debatido.
O principal entrave é com o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha
(RJ), que já disse várias vezes que a orientação da bancada é votar
contra o projeto. Cunha, que também apresentou um texto alternativo para
a proposta, critica o ponto que define a neutralidade de rede,
princípio pelo qual não deve haver discriminação no tráfego de dados de
usuários e provedores.
O governo defende o princípio. Molon disse que a proposta foi
construída em conjunto com a sociedade civil e que a neutralidade
pretende impedir que haja prioridade para tráfego de dados de empresas
ligadas aos provedores de conteúdo ou de conexão em detrimento de
concorrentes.
"Esse não é um projeto de governo, é um projeto de país. É um projeto
que foi feito pela sociedade civil brasileira. Eles pedem uma internet
para todos, que não retome a exclusão digital, que não crie uma internet
para ricos e outra para pobres", disse Molon.
Para o deputado, caso a neutralidade de rede não seja aprovada, o
acesso à internet vai acabar ficando similar ao dos planos de TV por
assinatura. "Esse princípio é similar ao da TV a cabo, em que os planos
com todos os canais só podem ser pagos por poucas pessoas, e isso vai
criar uma exclusão digital para mais de 100 milhões de brasileiros",
argumentou Molon.
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