MPF aciona 68 ex-prefeitos em 153 ações de improbidade
Fatos ocorreram entre 2001 e 2012 em 80 municípios. Resultado reflete atuação no combate à corrupção na Paraíba em 2013.
Sessenta
e oito ex-prefeitos e nove prefeitos acionados por improbidade – entre
os nove, três foram reeleitos nas últimas eleições. Vários demandados
mais de uma vez nas 153* ações de improbidade administrativa ajuizadas
pelo Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) em 2013. Este foi o
saldo de mais um ano de atuação do MPF no combate à corrupção no Estado.
Além dos gestores públicos, as ações judiciais também atingiram
servidores, particulares e empresas que estiveram envolvidos em
irregularidades cometidas na aplicação de recursos federais na Paraíba.
As ações abrangem fatos ocorridos em 80 municípios no período de 2001 a 2012. Do total de ações, apenas 14 tramitam em segredo de justiça.
Confira a íntegra das ações de improbidade ajuizadas pelo MPF/PB em 2013:
Os
desmandos cometidos com o erário envolvem recursos federais oriundos
dos Ministérios da Saúde, Educação, Cidades, Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, Desenvolvimento Agrário, Turismo e Integração Nacional,
no âmbito dos seguintes programas federais: Programa de Apoio a Estados e
Municípios para a Educação Fundamental de Jovens e Adultos (Peja),
Programa de Aquisição de Alimentos (compra direta local da agricultura
familiar), Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Piso de
Atenção Básica (PAB), Programa de Saúde da Família (PSF), Programa
Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), Programa Nacional de Apoio ao
Transporte do Escolar (Pnate), Programa Brasil Alfabetizado, Programa
Agentes do Controle de Endemias (Pace), Programa Saúde Bucal (PSB),
Programa Saúde Para Todos (PSPT) e Programa Saúde Para Todos II (PSPT
II).
Na
avaliação do procurador-chefe do MPF na Paraíba, Rodolfo Alves Silva,
esse número representa o compromisso do MPF em promover a realização da
Justiça em prol do bem da sociedade e em defesa do Estado Democrático de
Direito, conforme preconiza a missão do órgão. “Ainda fazemos pouco em
razão de nossas limitações de pessoal. Apesar de termos apenas 15
membros e 159 servidores para cobrir os 223 municípios paraibanos, esses
números refletem o esforço de todos os integrantes do MPF na Paraíba
para tornar o órgão conhecido pela excelência na promoção da Justiça, da
cidadania e no combate ao crime e à corrupção.”
Íntegra disponível –
Desde 2009, o Ministério Público Federal na Paraíba apresenta
anualmente o balanço das ações de improbidade ajuizadas no ano anterior.
Neste ano, o MPF dá mais um passo em direção à transparência,
disponibilizando, além de números gerais, a íntegra das ações, em
conformidade com o que determina a Política Nacional de Comunicação Social do Ministério Público Federal, instituída pela Portaria PGR/MPF nº 918, de 18 de dezembro de 2013.
Conforme
o artigo 9º, inciso III, da política de comunicação, devem ser
divulgados os nomes das partes, o número do processo e o link para a
íntegra de peças e acompanhamento processual, ressalvada a proteção das
informações sigilosas ou pessoais, nos termos da lei. Além de
disponibilizar ao público o conteúdo das ações de improbidade propostas,
que não estão cobertas por segredo de justiça, o balanço atual também
apresenta os números de 2013 num infográfico para facilitar a compreensão dos dados informados.
Total por unidades – Das
153 ações de improbidade ajuizadas no ano passado, 50 estão no âmbito
da unidade do Ministério Público Federal em João Pessoa, 25 em Campina
Grande (PB), 35 em Patos (PB) e 43 em Sousa (PB). A unidade do MPF em
Patos foi instalada em junho de 2013 com atribuição sobre 48 municípios.
A partir de então, as ações referentes a irregularidades ocorridas
nesses 48 municípios, e que já haviam sido ajuizadas pelo MPF em Campina
Grande e Sousa, foram transferidas para a 14ª Vara Federal em Patos.
João Pessoa –
Uma das ações ajuizadas pelo MPF na capital partiu da representação de
vereadores do município de Dona Inês contra o então prefeito, Antônio
Justino de Araújo Neto, por suposta concessão irregular de bolsas de estudo,
financiadas com recursos do Fundeb, a seus militantes políticos no ano
de 2010. Várias das 50 ações, ajuizadas pela unidade do MPF na capital,
resultaram do desmantelamento de esquemas criminosos montados para
fraudar licitações.
Outra ação foi ajuizada contra uma prestadora de serviços que recebeu R$ 6.341,00 sem trabalhar.
Contratada em 1º de março de 2010 para a função de merendeira em uma escola estadual na capital, a servidora ‘fantasma’ se apresentou em 26 de abril do mesmo ano e depois não compareceu mais ao trabalho. Já em Cabedelo, uma ex-diretora de escola municipal cometeu
improbidade ao desviar e se apropriar de recursos públicos federais
repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Campina Grande - Desde 27 de julho de 2013, tramita na 4ª Vara da Justiça Federal em Campina Grande a ação de improbidade ajuizada pelo
MPF contra o ex-prefeito Veneziano Vital do Rego, por homologar
licitação nitidamente fraudulenta na construção de 300 cisternas de
placas. Na mesma ação foram demandados o ex-prefeito José Luiz Júnior, o
servidor público municipal José Luiz Neto, o empresário Luciano Arruda
Silva e a servidora pública estadual Anna Thereza Chaves Loureiro. Além
da ação de improbidade, também foi proposta denúncia criminal contra o
ex-prefeito. A denúncia foi recebida pela Justiça Federal em 2 de agosto
de 2013.
Um outro demandado pelo MPF foi o ex-prefeito de Alagoa Nova, Luciano
Francisco de Oliveira, juntamente com nove pessoas, por envolvimento em
esquema de fraudes na execução de reformas de escolas e posto de saúde
no município. A farsa consistiu em usar construtoras de fachada
(inexistentes) para fraudar duas licitações na modalidade convite, tendo
as empresas ‘vencedoras’ utilizado maquinário e servidores da própria
prefeitura para executar as obras, enquanto os recursos do Fundeb e do
Fundo Único de Saúde eram sacados, através de cheques, e em seguida
parcela dos mesmos recursos era depositada na conta pessoal do prefeito.
Essa prática foi desvendada quando do rastreamento do destino das
verbas federais liberadas pela prefeitura para as empresas de fachada.
Patos- Dentre
os atos ilícitos que resultaram nas ações ajuizadas pelo MPF em Patos,
chama atenção a conduta reiterada do ex-prefeito de Livramento (PB) José
de Arimateia Anastácio Rodrigues de Lima (Zé Anastácio), que responde a
20 ações, sendo sete ações penais e 13 por improbidade administrativa.
As ações são resultados de desdobramentos da Operação Transparência que
desarticulou organização criminosa que criava empresas de fachada para
operacionalizar fraudes a licitações, como dispensa indevida de
licitações através de simulações de convites e tomadas de preço.
Há
ainda casos em que as ações de improbidade foram ajuizadas contra os
espólios (conjunto de bens de falecido) de ex-prefeitos de Santa Luzia, Itaporanga. Igualmente, na unidade de João Pessoa houve uma ação de improbidade contra o espólio de ex-prefeito de São João do Tigre.
Sousa - Em
Sousa, dois dos prefeitos demandados pelo MPF, por irregularidades
cometidas entre 2006 e 2008, foram reeleitos nas eleições de 2012 (Poço de José de Moura e Cachoeira dos Índios).
O MPF também ajuizou ações de improbidade contra dois ex-funcionários
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Um deles, por colaborar em assalto contra a agência dos Correios no município de Sousa. Outro, por apropriar-se de R$ 84.379,08,
em valores recolhidos, sem que houvesse o repasse físico
correspondente, “sobrando” a quantia no caixa, indevidamente apropriada
pelo funcionário.
Ainda em Sousa, o MPF ajuizou ação de improbidade contra médica por
acumulação ilegal de cargos de médica em três municípios, além de
exercer o cargo de professora no campus da UFCG em Cajazeiras. Outras
seis ações de improbidade foram propostas contra o ex-prefeito de
Cajazeiras, Carlos Antônio Araújo Oliveira, por irregularidades como
fraude à licitação e reiterada ausência de prestação de contas.
*
Todas as ações com íntegra da petição inicial disponibilizada foram
acessadas, sem restrições, no Sistema Tebas de consulta processual da
Justiça Federal na Paraíba, entre 20 de fevereiro e 11 de março de 2014.
Gislayne Rodrigues / Iris Porto
Assessoria de Comunicação
Procuradoria da República na Paraíba
Nenhum comentário: