A missa da Paixão do Senhor, celebrada nesta sexta-feira (18)
pelo papa Francisco na basílica de São Pedro, no Vaticano, foi marcada
por duras palavras contra a ganância e o poder do dinheiro, em sintonia
com o que o Pontífice tem pregado durante o seu pouco mais de um ano no
comando da Igreja Católica.
"É escandaloso que alguns tenham salários e pensões cem vezes
maiores do que os ganhos daqueles que trabalham nas suas dependências, e
que levantem a voz assim que surge a possibilidade de renunciar a
alguma coisa, tendo em vista uma maior justiça social", disse o padre
Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, na homilia presidida
por Francisco.
O religioso acrescentou ainda que o apego ao dinheiro é a
raiz de todos os males da sociedade. "O que está por trás do comércio de
drogas, que destrói tantas vidas humanas, da exploração da
prostituição, do fenômeno das máfias, da corrupção política, da
fabricação e venda de armas e, por fim, da comercialização de órgãos
humanos tirados de crianças?", questionou Cantalamessa.
O padre também afirmou que a crise financeira que o mundo
atravessou, e com a qual muitos países ainda sofrem, deveu-se em grande
parte à "deplorável" ganância por riquezas e à "fome de ouro" da parte
de alguns poucos. Em seguida, o alvo da dura homilia foi a corrupção no
setor público. O pregador contou que Judas começou subtraindo pequenas
quantias do caixa comum dos apóstolos. Em sua visão, essa atitude lembra
"certos administradores do dinheiro público".
"Homens colocados em cargos de responsabilidade que não sabem mais
em qual banco ou paraíso fiscal esconder os frutos da sua corrupção
foram parar no banco dos réus, ou na cela de uma prisão", salientou
Cantalamessa, completando que o verdadeiro inimigo de Deus no mundo é o
dinheiro, e não Satanás.
Uol
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