EJA: alunado terá espaço para ficar com os filhos nas escolas de João Pessoa
Equipes técnicas e pedagógicas desenvolvem projetos para motivar o alunado. Na lista de atividades está o acolhimento de filhos da EJA, cursos de capacitação profissional e até o vale transporte gratuito.
Cerca de 40% dos alunos inscritos na Educação de
Jovens e Adultos (EJA) atendidos na rede municipal de João Pessoa
abandonam os estudos antes da conclusão do período letivo que nesta
modalidade de ensino é de seis meses e realizada por ciclo. Para
reverter o quadro, equipes técnicas e pedagógicas desenvolvem projetos
para motivar o alunado. Na lista de atividades está o acolhimento de
filhos da EJA, cursos de capacitação profissional e até o vale
transporte gratuito.
Voltada para pessoas com 15 anos ou mais de idade que não tiveram
acesso ou continuidade de estudo, na idade apropriada, a EJA proporciona
a possibilidade do acesso a educação independente da idade do
interessado. Este ano, 9.978 alunos se matricularam na EJA em 80 escolas
municipais de João Pessoa. Os dados são da coordenadoria da EJA e foram
levantados junto às escolas em abril último, contudo ainda podem ser
alterados.
" Já temos novas matrículas. Na EJA a gente não fecha a possibilidade
de matrículas de novos alunos, se ele chegar em junho a gente matricula
e faz um acompanhamento para ver se ele tem a possibilidade de
continuar e ao final do ano ser aprovado ou a gente continuar com ele
para aproveitá-lo no ano seguinte naquela mesma série que ele se
matriculou", esclareceu o coordenador da modalidade de ensino na
capital, Adriano Soares.
Historicamente, a evasão escolar está atrelada à entrega da carteira
estudantil para o aluno. Logo após receber o documento, que permite o
pagamento da meia passagem no transporte coletivo público, a evasão
acontece. O fato é confirmado pela diretora adjunta da escola municipal
Anayde Beiriz, do bairro Cidade Verde, na capital, Maria Zélia dos
Santos. Com 11 turmas e mais de 380 alunos, a unidade de ensino também
confirma esta realidade. "Muitas pessoas procuram se matricular na EJA
para conseguir a carteira estudantil. Quando conseguem o documento
desistem de estudar e deixam de vir às aulas", declara.
O coordenador da EJA explica que desde 2012, o índice de evasão tem
apresentado redução de 50% para percentuais que variam entre 40% e 35%.
"A Escola Municipal Anayde Beiriz do Cidade Verde conseguiu, no ano
passado, terminar com um índice de 40%. Já a escola Luiz Vaz de Camões,
em Mangabeira, terminou com evasão de 25%. Aos poucos estamos criando
estratégias e mecanismos para diminuir esta evasão na EJA", ressaltou
Adriano Soares.
Na lista de projetos que vem apresentando resultados positivos está o
acolhimento dos filhos da EJA. "Para os alunos que não têm com quem
deixar os filhos, levá-los à escola enquanto estudam pode ser
determinante para que não faltem às aulas", explica Adriano Soares.
Segundo ele, 40% das instituições que oferecem aulas para jovens e
adolescentes já implantaram a ação.
Para integrar o projeto é preciso informar a secretaria de educação
municipal sobre a necessidade do alunado. Só após ser informada da
demanda, o órgão vai destinar uma cuidadora para oferecer o atendimento à
criançada de 3 a 12 anos. Caberá à escola a criação de um espaço e da
infraestrutura necessária para atender a criançada, o trabalho é voltado
basicamente para atividades recreativas e lúdicas.
"Enquanto os pais estão recebendo formação escolar, os filhos ficam
com uma cuidadora que vai desenvolver atividades lúdicas com as
crianças. Os pais voltam a se juntar com os filhos no momento do
intervalo ou da merenda. Ao término, eles voltam a se separar e só se
encontram novamente no encerramento das aulas" explica o diretor geral
da Escola Anayde Beiriz, Marcos Freitas. Na unidade de ensino, em média
30 crianças participam do projeto.
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