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Em meio a guerra civil, Síria tem eleição presidencial
terça-feira, 3 de junho de 2014 Posted by Silvano Silva ✔


Contestado pela rebelião, processo deve confirmar Assad no poder.

 Começaram nesta terça-feira (3) as eleições presidenciais na Síria, que vive uma guerra civil há mais de três anos. O pleito deve confirmar o atual governante, Bashar al-Assad, no poder. Um dos motivos é que só deve haver votação nas áreas sob o controle de seu exército. As áreas sob controle rebelde – como a cidade de Raqa, no norte do país – não devem ter votação.

Mais de 15 milhões de sírios estão convocados a ir às urnas nesta terça, e o presidente só terá como rivais dois candidatos autorizados por ele: o deputado independente Maher Abdul-Hafiz Hajjar e o empresário membro da oposição tolerada Hassan al-Nuri.

O conflito que tem deixado o país em ruínas desde março de 2011 já fez mais de 162 mil mortos, tanto civis quanto combatentes de ambos os lados. O banho de sangue começou com uma brutal repressão a manifestações pacíficas.
Nenhum adversário real do regime de Assad vai participar desta eleição, que, em teoria, é a primeira em mais de meio século para eleger um chefe-de-Estado sírio. Tanto o atual presidente quanto seu pai, Hafez al-Assad, que governou com mãos de ferro entre 1970 e 2000, foram designados mediante referendos.
Os opositores do regime sírio denunciam que estas eleições são uma farsa porque o poder vigente se blindou contra qualquer imprevisto, ao impedir as candidaturas de exilados e exigir que qualquer aspirante ao cargo contasse com o patrocínio de 35 deputados de um Parlamento amplamente dominado pelo governismo, destacou a agência de notícias France Presse.

Concorrentes

Nascido em 1960, na capital Damasco, o empresário da oposição tolerada Hassan al-Nuri foi ministro de Estado para o Desenvolvimento da Administração Pública e de Assuntos Parlamentares entre 2000 e 2002, além de deputado de 1998 a 2003.

Já o deputado independente Maher Hajjar – nascido em 1968, em Aleppo – tem um amplo histórico de militância em partidos de esquerda. Em 2003, segundo a agência espanhola EFE, Hajjar fundou com outros dirigentes esquerdistas o Comitê Nacional Comunista da Síria, e foi um de seus líderes até que a legenda mudou de nome, para Partido da Vontade Popular. O político, então, tornou-se secretário-geral do conselho executivo do partido.
Esse grupo é um dos integrantes da Frente Popular para a Mudança e a Libertação (FPCL), um dos principais agrupamentos da oposição tolerada pelas autoridades e que conta com cadeiras no Parlamento.

Tanto Nuri quanto Hajjar desenvolveram campanhas baseadas em anúncios pela televisão e nas redes sociais, e empregaram um discurso similar ao de Assad, fundamentado na "luta contra o terrorismo" para pôr fim à guerra civil na Síria.

As candidaturas desses dois aspirantes, junto com a do atual presidente, foram as únicas consideradas válidas de um total de 24 apresentadas à Suprema Corte Constitucional, que descartou aquelas que não cumpriam os requisitos estabelecidos pela lei eleitoral.

Segundo as normas, aprovadas em março pelo Parlamento, os aspirantes devem ter o apoio de pelo menos 35 dos 250 deputados do Parlamento unicameral, que só podiam respaldar um candidato por pessoa. "Esta eleição não se propõe a medir a popularidade do regime, mas a demonstrar sua capacidade de forçar o país, ou melhor, as regiões que controla, a apresentar sua fidelidade", afirma o diretor do Instituto Alemão de Política Externa e Assuntos de Segurança, Volker Perthes.

Votação em 40% do território

Teoricamente, todos os cidadãos sírios com mais de 18 anos estão convocados a votar nesta terça-feira, inclusive os 7 milhões de deslocados internos pela guerra civil. Mas, na prática, a organização da consulta é mais complexa.

"As eleições serão realizadas em todas as cidades do país, exceto Raqa", totalmente controlada pela organização jihadista radical Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), disse à France Presse o porta-voz da Corte Constitucional síria, Majed Jadra.

Mas a menção às cidades dá a entender que não existirão centros de votação em distritos rurais, como os que cercam Damasco, no norte e leste do país e também nos bairros sob controle dos insurgentes em cidades como Aleppo e Deir Ezzor.
eleitorais de 38 embaixadas, segundo uma fonte do ministério sírio das Relações Exteriores, citada pelo jornal local "Al-Watan".

"É um número relativamente aceitável, levando-se em conta que países como França, Alemanha e Bélgica proibiram os cidadãos sírios [de participar da votação]", acrescentou a fonte, em referência à posição desses três países, que preconizam uma saída política da guerra civil e questionam a legitimidade do regime de Assad.

Os Emirados Árabes Unidos também proibiram nesta terça-feira a organização da votação em seu território, o que lhe valeu a denúncia, por parte de Damasco, de ter se unido ao grupo de países que conspiram contra a Síria.

Um acordo Irã-Arábia

"Bashar quer demonstrar que é uma alternativa política e que é capaz de restabelecer a ordem e a legalidade", diz o analista francês Suhail Belhadj, autor de um livro sobre o regime de Assad.

As eleições na Síria, denunciadas pelas potências ocidentais e por vários países árabes, contam com o apoio do Irã e da Rússia. E ocorrem em um momento favorável para as tropas do regime, apoiadas pelos combatentes do Hezbollah xiita libanês, embora os avanços em terra até agora sejam limitados.

O regime de Assad pode, por sua vez, comemorar a sangrenta guerra interna do campo opositor em algumas regiões, entre o Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL) e a Frente Al-Nosra, braço sírio da rede Al-Qaeda.

Os analistas não acreditam que vão ocorrer mudanças importantes depois destas eleições. "Talvez haja uma recomposição ministerial, mas não há nenhuma razão para esperar uma mudança política", sustenta Aron Lund, autor de várias colunas sobre o conflito sírio em publicações do Instituto Sueco de Relações Internacionais.

Para Volker Perthes, do Instituto Alemão de Política Externa e Assuntos de Segurança, as eleições "complicam, mas não impossibilitam uma saída política", que deve passar por "uma discussão entre o Irã e a Arábia Saudita (que apoia os insurgentes) sobre uma divisão do poder em Damasco".
G1.

Silvano Silva ✔

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