Ataque de Israel mata 20 palestinos da mesma família, incluindo 10 crianças
Disparo de tanque atingiu prédio no sul de Gaza antes de início da trégua humanitária de 12 horas; nº de mortos chega a 985
Um
ataque de um tanque israelenses matou ao menos 20 palestinos da
família, incluindo ao menos dez crianças, na cidade de Khan Younis, sul
da Faixa de Gaza, na sexta-feira, pouco antes do início neste sábado de trégua humanitária de 12 horas.
A casa atingida pelo disparo desmoronou parcialmente e pessoas
ficaram sob os escombros. A família havia se mudado recentemente para a
construção após fugir de confrontos em uma vila vizinha, disse o
funcionário de saúde palestino Ashraf al-Kidra.
Centenas de homens marcharam em uma procissão funerária na tarde
deste sábado, gritando “há apenas Deus” enquanto carregavam os corpos,
todos envoltos em tecidos, alguns deles com manchas de sangue.
Saiba mais: Entenda o atual conflito entre Israel e Hamas
Israel lançou uma grande campanha aérea em Gaza em 8 de julho e,
posteriormente, enviou soldados para o território controlado pelo grupo
militante Hamas, em uma operação que, diz, tem o objetivo de impedir o
lançamento de foguetes contra seu território e de destruir tunéis usados
por militantes para atravessar em direção a Israel e lançar ataques.
Até agora, o Exército descobriu 31 túneis e destruiu metade
deles. Desde 8 de julho, os militantes lançaram cerca de 2,5 mil
foguetes contra Israel.
Ao menos 985 palestinos, em sua maioria civis, foram mortos e
mais de 6 mil ficaram feridos nos últimos 19 dias, de acordo com
funcionários palestinos. Os ataques israelenses destruíram centenas de
casas e forçaram dezenas de milhares de pessoas a fugir, de acordo com
grupos de direitos humanos palestinos.
Mais de 160 mil palestinos deslocados procuraram abrigo em
dezenas de escolas da ONU, um aumento de oito vezes desde o início da
operação terrestre de Israel há uma semana, disse a ONU.
Pessoas vão ao velório do palestino Mohammed al-Araj, morto por tropas israelenses, de acordo com médicos da região
Israel afirma que faz o possível para
evitar mortes de civis, incluindo enviando alertas de retirada para os
residentes das áreas que serão alvo de ataques, e culpa o Hamas de
colocar as vidas das pessoas em risco acusando-o de usá-las como escudo.
Israel perdeu 37 soldados e dois civis, e um trabalhador tailândes
também foi morto.
Trégua
Milhares de residentes do território que fugiram dos combates entre
Israel e o Hamas retornaram neste sábado a áreas destruídas assim que
começou a trégua de 12 horas acordada entre as duas partes e se
depararam com uma destruição em grande escala: várias casas estão
pulverizadas, enquanto estradas estão bloqueadas pelos escombros e cabos
elétricos estão soltos pelas ruas.
Assim que a trégua entrou em vigor às 8 horas locais (2 horas em
Brasília), ambulâncias do Crescente Vermelho alcançaram as áreas mais
atingidas para retirar corpos dos escombros. De acordo com Kidra, 85
corpos foram retirados dos destroços neste sábado.
A trégua de 12 horas foi apenas o resultado aparente de uma missão de
mediação de alto nível do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e
do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante esta semana. Eles
fracassaram em conseguir, como esperavam, um cessar-fogo de uma semana
de duração como precursor de um acordo mais amplo.
Em vez disso, o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, alertou
que pode, em breve, expandir “de forma significativa” a operação em
Gaza. Assim, parece pouco improvável que a trégua deste sábado mude o
curso das atuais hostilidades, com ambos os lados se entrincheirando em
suas posições.
Israel busca obter um poder de dissuasão. “No final da operação, o
Hamas terá de pensar se vale a pena nos atingir no futuro”, disse Yaalon
na sexta-feira. O governo israelenses também vem sugerindo a
desmilitarização de Gaza como condição para um cessar-fogo permanente,
para que o Hamas não possa se rearmar. A atual guerra é a terceira em
Gaza em cinco anos.
O Hamas, por sua vez, deseja suspender os ataques só quando receber
garantias internacionais de que o bloqueio de sete anos contra Gaza será
levantado. Israel e o Egito aumentaram o bloqueio depois que o Hamas
capturou o território, em 2007.
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