Dirceu sai da cadeia para primeiro dia de trabalho externo
Ex-ministro da Casa Civil vai atuar em biblioteca de escritório de advocacia. Ele, Delúbio e Valdemar Neto tiveram trabalho autorizado pela Justiça.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no
processo do mensalão do PT, deixou a cadeia na manhã desta quinta-feira
(3) para o primeiro dia de trabalho externo. Ele foi autorizado a
trabalhar durante o regime semiaberto por decisão judicial.
Dirceu deixou a cadeia por volta de 7h20, sem falar com a imprensa.
Visivelmente mais magro e com uma pasta na mão, ele aguardou poucos
segundos na calçada até a chegada do carro preto que o levou ao
escritório. (Veja o vídeo ao lado).
Ele vai atuar como auxiliar de biblioteca no escritório do advogado
José Gerardo Grossi, que já foi ministro do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). A proposta de emprego prevê jornada de 8h às 18h e salário de R$
2,1 mil.
Pelas regras do trabalho externo, o preso não pode dar entrevistas.
Na hora do almoço, ele pode se deslocar 100 metros do local de
trabalho. Ao terminar o expediente, o preso tem duas horas para voltar
para o centro de dentenção, mas não pode passar em nenhum outro local no
caminho.
Dirceu chegou ao prédio em que vai trabalhar por volta de 7h50. Ele
parou o carro em frente à entrada principal do edifício, permanceu cerca
de dois minutos dentro do carro, abriu a janela e disse a jornalistas e
cinegrafistas: "Vou estacionar e vou descer".
O motorista parou o carro perto do prédio e depois de alguns minutos
Dirceu, que estava acompanhado de um advogado, deixou o veículo e
caminhou tranquilamente até o prédio, se identificou na portaria e
entrou no elevador.
Ele não quis responder a nenhuma pergunta sobre como está se sentindo em seu primeiro dia de trabalho.
O patrão de Dirceu disse ao G1 que ele terá intervalo de uma hora para o almoço. A empresa fica na região central de Brasília, no Setor Bancário Sul.
O patrão de Dirceu disse ao G1 que ele terá intervalo de uma hora para o almoço. A empresa fica na região central de Brasília, no Setor Bancário Sul.
O advogado ressaltou que já se informou sobre as regras do
trabalho de Dirceu e que assinou compromisso com a Vara de Execuções
Penais. "Entrevistar
José Dirceu em hipótese alguma, nem sonhando. Mas a gente vai
acompanhar e as coisas serão resolvidas com o juiz de execuções na
medida em que forem acontecendo."
Valdemar Costa Neto, Delúbio Soares e Bispo Rodrigues
Nesta quinta-feira, outros dois condenados no mensalão
retomam trabalho externo. O ex-presidente do PR Valdemar Costa Neto e o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-deputado Bispo Rodrigues já
haviam trabalhado durante a pena, mas tiveram o benefício
revogado pelo ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, em
maio. Na última semana, no entanto, o plenário do tribunal entendeu que
eles poderiam voltar ao trabalho externo.
Eles deixaram o Centro de Progressão Penitenciária por volta de 10h15 e saíram em carros separados para o local de trabalho.
Delúbio e Valdemar vão retomar as atividades que exerciam antes de o
benefício ser revogado por Joaquim Barbosa. Condenado a 6 anos e 8 meses
por corrupção ativa, Delúbio Soares volta ao trabalho no assessoramento
aos sindicalizados na Central Única dos Trabalhadores (CUT). O salário é
de R$ 4 mil a R$ 5 mil, para trabalhar das 8h às 18h.
Valdemar Costa Neto, condenado a 7 anos e 10 meses pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, retorna ao trabalho de gerente
administrativo de um restaurante industrial nos arredores de Brasília.
Benefício negado por Joaquim Barbosa
Em maio, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa,
negou ou revogou o benefício de trabalho externo a oito dos 24
condenados do processo, entre eles Dirceu, Delúbio e Valdemar.
Entendimentos consolidados na Justiça autorizam há 15 anos o trabalho
durante o dia fora da cadeia, mas Barbosa entendeu que eles ainda não
tinham cumprido um sexto da pena como exige a Lei de Execução Penal
(LEP).
O plenário do Supremo, então, julgou o caso e derrubou a exigência do
cumprimento de um sexto da pena por nove votos a um, além de autorizar o
trabalho externo para José Dirceu. Depois da decisão do plenário, o
ministro Luís Roberto Barroso, que substituiu Barbosa na relatoria do
mensalão, restabeleceu os benefícios dos condenados do mensalão.
Antes, o ex-ministro havia desistido de emprego como gerente
administrativo de um hotel de Brasília com salário de R$ 20 mil -
reportagem do Jornal Nacional apontou suspeitas de que um laranja fosse
dono do estabelecimento.
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