Facções usam Facebook para incitar crime na PB
Fotos de armas, frases com conteúdos de
apologia ao crime e ao uso de drogas, além de desenhos e ilustrações que
remetem à violência são exemplos de conteúdos encontrados em perfis e
grupos existentes nas redes sociais cujas pessoas se dizem pertencer a
facções criminosas que atuam em João Pessoa e na Região Metropolitana da
cidade.
Sem medo de punição, é na internet que os perfis atribuídos aos
grupos 'Okaida' e 'Estados Unidos (EUA)' mostram os rostos e exibem
fotografias de armas, bebidas alcoólicas e desenhos de monstros e cenas
de atos de violência, como assassinatos. Na maioria dos perfis, as fotos
aparecem acompanhadas por frases de incentivo ao crime.
Em pelo menos cinco páginas visualizadas pela reportagem, os
participantes das contas, entre meninos e meninas, aparentam ser
adolescentes. Conforme as informações disponibilizadas nos perfis e
grupos, os usuários seriam dos municípios de Santa Rita, na Região
Metropolitana, Mamanguape, no Litoral Norte, além dos bairros como
Mandacaru, Torre e Alto do Mateus, na capital. Em uma das contas, os
participantes mencionam a atuação do grupo em diferentes bairros das
cidades e postam frases para amedrontar os rivais.
Entre os conteúdos de apologia ao crime, os responsáveis pelos perfis
fazem publicações referentes à rivalidade entre a 'Okaida' e 'EUA',
como o grupo 'Os Okaidaz', que conta com 262 membros. Entre os
conteúdos divulgados, há fotos de adolescentes com uniforme escolar,
armas, drogas e cenas de assassinato. Em outro perfil, como o 'Okaida da
Silva', que conta com 61 membros, a fotografia principal é uma imagem
de Osama bin Laden, líder e fundador do grupo terrorista “Al-Qaeda”.
A participação de meninas nos perfis e grupos atribuídos às facções
também é frequente e, além de expor o rosto, as garotas também postam
fotografias usando roupa íntima e os conteúdos postados sugerem atos de
violência e rivalidade entre a outra facção.
A existência desses perfis nas redes sociais é de conhecimento dos
conselheiros tutelares, que também acompanham de perto a realidade dos
adolescentes envolvidos na criminalidade. Um dos responsáveis pelo
Conselho Tutelar da Região Norte de João Pessoa, Luiz Brilhante afirma
que muitos dos perfis criados são verdadeiros e que os adolescentes
utilizam a internet para a comunicação entre os grupos.
“A gente sempre acompanha vários desses adolescentes envolvidos com
grupos e vejo que isso é verdade. Não só jovens, mas também crianças. A
participação desses meninos nos grupos acontece na internet e também nas
escolas. É uma situação triste”, disse o conselheiro.
Polícia diz que monitora perfis
Em 2013, quando frequentes protestos foram realizados em todo o país e
na Paraíba, muitos grupos utilizaram as redes sociais para organizar os
movimentos. Para tentar prevenir atos de violência durante as
mobilizações, a Polícia Militar (PM) fez o monitoramento virtual de
alguns grupos e perfis. Segundo o coordenador de comunicação da PM,
major Cristóvam Lucas, esse trabalho é constante e quando há informações
relevantes, o material é encaminhado à Polícia Civil do Estado.
“A gente fica observando essas postagens e se houver informação
concreta, passamos para a Polícia Civil. Além de a nossa equipe de
comunicação estar inserida nas redes sociais, também temos outras
coordenações nesses espaços”, explicou o major, acrescentando ainda que,
no ano passado, quando foram realizados protestos, a página da PM no
Facebook ganhou mais de dez mil seguidores.
A Secretaria Estadual de Segurança e Defesa Social (Seds) também
possui uma equipe de monitoramento nas redes sociais. De acordo com o
delegado-geral adjunto, Isaías Gualberto, “a Polícia Civil faz o
monitoramento na internet e, se houver indícios de fatos investigados
nas redes sociais, há uma investigação”.
Para que a Segurança Pública possa localizar alguma conta na internet
há casos em que é necessário autorização judicial, uma vez que os
espaços virtuais não disponibilizam os dados das contas cadastradas. “Se
há uma suspeita da Polícia a respeito do conteúdo postado por
determinado perfil ou grupo para descobrir a veracidade do fato, a
segurança deve solicitar através da Justiça”, explicou a MBA em
Marketing Digital Tânia Lacerda.
A especialista orientou as equipes da Polícia Militar a fazer o
monitoramento das redes sociais em 2013, durante o período de frequentes
protestos que ocorreram no Estado. Segundo ela, as investigações
partiram a partir do material postado em grupos abertos e de acesso
público. “Através dos perfis públicos e dos grupos, nós localizamos as
pessoas que estavam postando os conteúdos e a investigação foi feita a
partir disso”, disse.
Jornal da Paaraiba




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