Epidemia de ebola poderia custar até U$ 32 bilhões em dois anos, segundo Banco Mundial
Além
do sofrimento físico e emocional visível nas populações dos países da
África Ocidental, a epidemia de ebola agora tem um alto custo econômico:
US $ 32 bilhões. O valor consta no
O cálculo levou em conta a inflação, escassez de alimento e
desaceleração dos PIBs dos países africanos mais afetados pelo surto do
vírus. O preço da mandioca na Libéria, por exemplo, subiu mais de 150%
nos principais mercados da capital Monróvia em agosto. A nação é a que
concentra maior número de casos da epidemia, que já matou mais de 3,8
mil pessoas em todo o mundo.
O presidente do Banco Mundial, Jim Kim, pediu ao Ocidente ajuda
financeira de até US $ 20 bilhões, que segundo ele, seria o valor
necessário para que a epidemia não se transformasse em pandemia.
As economias dos três países vinham crescendo nos últimos anos.
Serra Leoa era a que tinha maior potencial de crescimento. Antes da
eclosão, o FMI havia previsto que o país cresceria mais de 14% em 2014.
Já a economia da Libéria aumentava em cerca de 10% por ano desde 2005,
enquanto a Guiné havia sido elogiada pelo FMI por suas reformas
econômicas e políticas.
Agora, no entanto, o Banco Mundial estima que o surto vai custar
Sierra Leoa US $ 163 milhões, ou 3,3% do PIB neste ano. Se a epidemia
continua a se espalhar, o banco estima que o país poderia perder até
8,9% do seu PIB em 2015. Já a Libéria tem as piores estimativas: US $
234 milhões, ou 12% do PIB deste ano. Na Guiné, o custo é de US $ 142
milhões, 2,3% do PIB.
A inflação também assola na região, impulsionada pela incerteza e
fuga de capitais, enquanto taxas de câmbio sofrem com a volatilidade.
A agricultura contribui com 57% do PIB da Serra Leoa, 39% da
Libéria de 20% e da Guiné. Esse é o setor da economia que mais enfrenta
dificuldades, principalmente nas colheitas de arroz e milho, que
acontecem entre outubro e dezembro. O medo da doença, a introdução do
toque de recolher e as dificuldades de transporte de alimentos deverão
ter um impacto significativo na produção, de acordo com a Organização
para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas.
África Ocidental também é rico em ferro e ouro, e as empresas de
mineração ocidentais têm uma forte presença na região. O setor contribui
com cerca de 14% da economia da Libéria, que recebe empresas como a
ArcelorMittal, Beija-flor, Chevron e Exxon & Total. Mas o país, onde
mais de duas mil pessoas morreram em decorrência do vírus, fechou todos
os principais postos de fronteira e introduziu um toque de recolher
temporário em suas tentativas de conter o surto, o que agrava os setores
de importação e exportação.
De acordo com o Centros de Controle de Doenças e Prevenção, órgão
do governo dos Estados Unidos, os casos de ebola na Libéria e em Serra
Leoa poderão subir respectivamente para 550 mil e 1,4 milhões até
janeiro, se não houver intervenções adicionais.
O Globo
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