Técnico do Flamengo diz que críticas a ele são exageradas e têm conotação racista
Em entrevista à ESPN Brasil, na noite de segunda-feira, o técnico do Flamengo, Cristóvão Borges, reclamou que as críticas que vem recebendo da torcida e da imprensa são exageradas e têm, em parte, conotação racista. Para o treinador, há menos tolerância em relação ao seu trabalho pelo fato de ele ser negro.
- Venho sofrendo críticas que fogem ao padrão normal e comum que acontece no futebol. Existem ainda críticas exacerbadas, que viraram perseguição. Algumas delas, sim, com conotação racista. Tudo começa com as críticas insistentes, diárias. No conteúdo de umas, com conotação racista. Fui citado até como "Mourinho do Pelourinho" - disse Cristóvão.
O técnico argumentou que "o racismo existe e é camuflado". Mas garantiu que não afeta o resultado de seu trabalho.
- O Flamengo é uma grande lente de aumento. E eu enxergo o racista a qualquer distância por conta da grandeza do Flamengo. A tolerância comigo é diferente. Tudo isso não é uma coisa que afete meu trabalho. Eu me preparei para isso. Mas quando passa do ponto e me atinge como cidadão, vou procurar meus direitos. O racismo existe e é camuflado, como têm sido essas críticas. Eu sou um treinador que já fui muito criticado e nunca fui de reclamar com essas críticas. Esse tipo de pessoa, além de se esconder, vai querer usar a torcida do Flamengo. O racista vê o negro e acha que ele deve concordar em tudo. Eu defendo as minhas convicções. Eu sei que para eles eu sou um intruso, um abusado. E eu ainda contesto. Sou assim. Minha posição nunca será de pobre coitado. Vivo bem porque estou trabalhando em um clube maravilhoso. Estou vendo meu trabalho acontecer, porque foi um início difícil. Hoje, já velho, melhora - disse.
O Globo
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