Candidatos, eleitores e partidos políticos descobrem força da internet nas eleições
Embora
a televisão ainda seja o principal veículo para informação de quem vai
votar, os eleitores, os partidos políticos e os candidatos descobriram a
força da internet e das mídias sociais e pretendem usá-las com intensidade nesta campanha.
Em cidades com mais de 200 mil eleitores, onde o acesso é mais fácil, a internet será usada “cada vez mais” pelos políticos, disse à Agência Brasil o
diretor de Atendimento e Planejamento do Instituto de Pesquisas
Sociais, Políticas e Econômicas (Iprespe), Maurício Garcia. Para ele,
isso será possível pelo crescimento do uso de telefones celulares de banda larga e dos tablets, dispositivos portáteis de acesso a internet.
Garcia ressaltou, porém, que o eleitor
não forma, necessariamente, opinião a partir do acesso a páginas de
partidos ou candidatos. “Isso acontece quando as informações estão
disponíveis em grandes portais ou em ferramentas como o Twitter, quando
um amigo que acompanha coloca alguma informação que desperta a
curiosidade da pessoa.”
Ele lembrou, no entanto, que, quanto
menor a cidade e maior a dificuldade de acesso ao conteúdo de internet,
mais pesa na formação de opinião do eleitor a propaganda eleitoral no
rádio e na televisão. De acordo com Garcia, nessas localidades, existem
outros fortes formadores de opinião, como padres e pastores e líderes
sindicais.
A busca crescente de informações na internet é constatada também em sites
oficiais. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, com
15 milhões de eleitores espalhados por 853 municípios, a busca por
informações no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado mais que dobrou da última eleição municipal, em 2008, para cá.
Levantamento feito pelo coordenador de
comunicação do TRE-MG, Rogério Tavares, mostra que, há quatro anos, 98
mil mineiros procuraram se informar sobre o pleito na página do
tribunal, entre 16 de junho e 17 de julho. No mesmo período deste ano,
este número pulou para 222 mil acessos individuais.
“Denúncias de propaganda irregular e
informações sobre o partido político e as normas das eleições concentram
o maior número de acessos”, disse Tavares. Entretanto, é grande o
número de eleitores, especialmente da capital, Belo Horizonte, e de
Uberlândia segunda maior cidade mineira, que buscam os dados dos
candidatos, declarações de bens, por um link – porta de acesso a outra página – do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No TRE de Goiás, até agora, os conteúdos
mais acessados foram os de serviços como retirada de certidões
negativas criminais, filiações e inscrições do eleitor para ser mesário
voluntário no dia do pleito. Segundo o coordenador da seção de Intranet e
Internet do Tribunal, Rafael Didma, este ano “o pico” de entradas no site
ocorreu entre janeiro e maio. Neste período, a média padrão de 70 mil
buscas pulou para 140 mil por causa do recadastramento biométrico. Com
246 municípios, o estado concentra 4,2 milhões de eleitores.
No Acre, o uso da internet para fornecer
dados sobre os candidatos ainda é incipiente. A três meses e meio das
eleições a coordenadora da Corregedoria Regional Eleitoral Maria Arlete
Freire de Souza, admitiu que no site oficial estão “disponibilizadas apenas informações gerais de interesse do eleitor”.
Segundo Arlete, há dois canais
disponíveis: a ouvidoria, para que o eleitor reclame de algum serviço
que tenha demorado, e o de materiais informativos sobre a legislação
eleitoral. Informações mais abrangentes sobre as eleições serão
disponibilizadas ao eleitor somente em 24 de setembro por uma linha
telefônica 0800, disse ela.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do
país, com 31.229. 307 eleitores, muitos já têm o hábito de se atualizar
em termos de campanha eleitoral consultando a internet. A publicitária
Aline Sales, por exemplo, diz que se informa pela internet por falta de
tempo para usar outros meios. “Quando chego ao trabalho, aproveito para
ler as notícias. Pela correria, às vezes, não dá para assistir
televisão, ouvir rádio, ler jornal, e a internet é o meio mais
acessível.” Para Aline, a internet é o melhor meio para o eleitor se
informar sobre os candidatos.
O projetista Theo Egami, porém, diz que
procura saber mais sobre os candidatos conversando com amigos e
parentes, mas também busca opiniões nas salas virtuais de bate-papo.
“Acredito que é bom ver em fóruns, para ficar mais informado, ouvir
rádio, estar atento ao dia a dia. Quando tenho tempo, costumo ir atrás
de mais informações, mas depende muito do momento.”
O analista de cadastro Danilo Araujo
afirma que confia mais no que lê na internet do que vê na televisão. “Me
informo pela internet, fóruns de internet, discussão com amigos. Menos
pela televisão, porque na televisão é tudo mentira.” Segundo Danilo, é
mais fácil manipular informações pela televisão e pelo jornal impresso.
“Na internet, tem um leque muito maior, e
a informação chega muito mais fácil. Se algum político faz alguma coisa
errada, na mesma hora já tem cinco ou seis opções na internet para
analisar e tirar uma conclusão”, disse ele.
Agência Brasil
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