Por iniciativa da Procuradoria Geral de
Justiça, o MPPB concluiu as investigações dos casos ilegais de
prestadores de serviços contratados sem concurso público por excepcional
interesse público nesses 57 municípios. E foi com base nessas
investigações conduzidas pela Comissão de Combate aos Crimes de
Responsabilidade e à Improbidade Administrativa (Ccrimp) é que foram
elaboradas as novas 57 denúncias criminais contra os prefeitos
envolvidos, que serão apresentadas ao Tribunal de Justiça da Paraíba
(TJ-PB) nos próximos dias.
Estão sendo denunciados os prefeitos
dos seguintes municípios: Água Branca, Alcantil, Amparo, Arara, Areia de
Baraúnas, Areial, Assunção, Baraúna, Barra de Santana, Bayeux, Boa
Ventura, Brejo do Cruz, Cabaceiras, Cacimba de Areia, Cacimba de Dentro,
Caiçara, Cajazeirinhas, Caldas Brandão, Coremas, Catingueira, Caturité,
Coxixola, Cruz do Espírito Santo, Cubati, Cuitegi, Diamante, Duas
Estradas, Emas, Guarabira, Gurinhém, Ibiara, Igaracy, Imaculada,
Juazeirinho, Junco do Seridó, Livramento, Lucena, Malta, Mataraca,
Matinhas, Monteiro, Nova Olinda, Pedras de Fogo, Pedro Régis, Pitimbu,
Pombal, Puxinanã, Salgadinho, Santa Inês, Santa Rita, Santana dos
Garrotes, Santo André, São João do Tigre, São José do Sabugi, Sobrado,
Tenório e Umbuzeiro.
As denúncias são assinadas pelo procurador
de Justiça Nelson Lemos, presidente da Ccrimp. A iniciativa é mais uma
etapa do programa de combate às admissões ilegais de servidores
públicos, desenvolvido pela Comissão de Combate aos Crimes de
Responsabilidade, que também é integrada pelos promotores de Justiça
Carlos Romero Paulo Neto (coordenador), Anne Emanuelle Malheiros Costa,
João Benjamin, Raniere Dantas e Rodrigo Pires.
Recentemente, o
MPPB já havia denunciado criminalmente outros 17 prefeitos pelo mesmo
motivo dos seguintes municípios: Brejo dos Santos, Cabedelo, Juru,
Lastro, Manaíra, Mari, Monte Horebe, Natuba, Nazarezinho, Paulista,
Piancó, Poço Dantas, Princesa Isabel, Santa Cruz, São Francisco, São
José de Princesa e Tavares.
De acordo com o procurador-geral de
Justiça, Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, “o trabalho iniciado em 2010,
com uma recomendação encaminhada a cada um dos 223 prefeitos do estado
da Paraíba, visa repor a legalidade nas admissões ao serviço público”.
Como
explicou o promotor de Justiça Carlos Romero Paulo Neto, coordenador da
Ccrimp, “os crimes imputados aos prefeitos denunciados consistem em
admitir servidores públicos contrariando expressas disposições de lei,
no caso com violação à regra constitucional de obrigatoriedade do
concurso, bem como às normas legais municipais que estabelecem critérios
e prazos para as contratações”.
O promotor esclareceu ainda que
“os prefeitos efetuaram centenas e, em alguns casos, até milhares de
contratações diretas de servidores sem concurso público, sob o falso
pretexto de excepcional interesse público, eternizando vínculos
administrativos precários, ao renovarem os contratos por vários anos ou
substituírem os prestadores por outros também contratados sem qualquer
critério legal”.
As
investigações também incluíram o município de João Pessoa, que, segundo
os membros da Ccrimp, apresenta o caso mais grave de irregularidades na
admissão de prestadores de serviços a título precário e sem obediência
aos critérios constitucionais.
No levantamento realizado pelo
Ministério Público, com base em dados apresentados pela própria
prefeitura da capital e do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba
(TCE-PB) – sistema Sagres On Line –, apenas na administração direta da
prefeitura de João Pessoa o quadro, até abril de 2012, era de 10.421
prestadores de serviços contratados sem concurso público, sob o pretexto
de excepcional interesse público, o que supera o número de servidores
efetivos (8.772) e corresponde a 50,81% do total de servidores ativos.
Na administração indireta do município de João Pessoa, o cenário não
destoa, havendo 4.301 contratados sem concurso por “excepcional
interesse público”, correspondendo a 44,69% dos servidores ativos.
Para
enfrentar essas situações irregulares, o Ministério Público já
apresentou ao Tribunal de Justiça, ainda no ano de 2011, duas ações
diretas de inconstitucionalidade (Adins) contra as leis municipais de
João Pessoa que regem as contratações por excepcional interesse público.
“Além
disso, na data de hoje, também está sendo apresentada uma ação civil
pública cominatória, buscando-se obrigar o município de João Pessoa a
abster-se de contratar novos prestadores de serviço e de renovar os
contratos em vigor, bem como a rescindir, no prazo de 180 dias, todos os
contratos existentes, realizando, em igual prazo, os devidos concursos
públicos”, informa o promotor Carlos Romero. A ação civil pública é
assinada pelos promotores de Justiça Rodrigo Pires e João Benjamin, da
Promotoria do Patrimônio Público; e Carlos Romero, da Ccrimp.
Com
relação ao aspecto criminal, os promotores entenderam que não cabe
denúncia contra o prefeito da capital. Como esclareceu o promotor Carlos
Romero, “o crime previsto no artigo 1º, inciso XIII, do Decreto Lei
201/1967 é muito restrito, exigindo que tenha havido violação a expressa
disposição de lei; no caso, a Lei Complementar Municipal 059/2010 que
rege as contratações não fixou qualquer prazo ou critério para as
contratações, de modo que, embora tenha havido violação da ordem
jurídica nas admissões abusivas de servidores, não foi violada regra
legal específica, afastando-se, o que, no jargão dos juristas, chamamos
de tipicidade penal”. O promotor explicou ainda que, “apesar de não
incidir em crime, em razão dessa “brecha” jurídica, o prefeito poderá
responder por improbidade administrativa; para tanto estão sendo
encaminhados todos os levantamentos feitos pela Ccrimp à Promotoria do
Patrimônio Público de João Pessoa”.
As Adins
O
programa desenvolvido pela Ccrimp do MPPB de combate às contratações
ilícitas de servidores públicos admitidos sem concurso público também
contemplou a análise das legislações municipais que tratam da matéria. O
Ministério Público do Estado da Paraíba já apresentou, desde o ano
passado, 169 ações diretas de inconstitucionalidade (Adins), impugnando
as leis municipais que não atendiam aos critérios constitucionais de
admissão ao serviço público.
Portal Correio
Mais
57 prefeitos estão sendo denunciados criminalmente pelo Ministério
Público do Estado da Paraíba (MPPB) por contratações ilegais de
prestadores de serviços sem concurso público. Outros 17 prefeitos já
haviam sido denunciados criminalmente pelo mesmo motivo. E continuam sob
investigação os casos de contratações supostamente ilícitas envolvendo
outros 134 municípios paraibanos, que poderão ser alvos de novas
denúncias criminais.
Há ainda sob investigação os casos de
contratações supostamente ilícitas envolvendo outros 134 municípios
paraibanos, os quais poderão ser alvo de novas denúncias criminais.
O caso de João Pessoa
Desse total, o Tribunal de
Justiça já julgou 124 ações, das quais 119 foram decididas a favor da
inconstitucionalidade arguida pelo Ministério Público. Nesses casos, o
Tribunal de Justiça, visando evitar a solução de continuidade na
prestação dos serviços públicos, tem fixado um prazo de 180 dias para
que os municípios se adequem.
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