Estupro coletivo e enforcamento de adolescentes gera indignação na Índia
A
polícia é acusada por familiares das vítimas de se omitir quando
notificada na última terça-feira sobre o desaparecimento das
adolescentes. A razão seria discriminação social.
“Quando fui à delegacia, a primeira coisa que me perguntaram era qual
a minha casta. Quando respondi, começaram a me ridicularizar”, disse um
dos pais das meninas à BBC.
Na Índia, a casta é o grupo étnico ao qual uma pessoa pertence.
Normalmente, os casamentos só ocorrem entre membros de uma mesma casta.
Em muitos casos, a violência é usada para ferramenta para reforçar o
poder de castas consideradas superiores e para levar o medo às chamadas
castas inferiores.
Ao menos três homens foram presos por envolvimento com o crime na
vila de Katra Shahadatganj, que tem cerca de 10 mil habitantes.
Apesar deles pertencerem à mesma casta das vítimas, as duas jovens
pertenciam a uma classe tida como inferior dentro desta casta.
Dois policiais também estão detidos por conspiração no crime por
terem se recusado a buscar pelas adolescentes após seu desaparecimento,
segundo autoridades indianas.
O governo prometeu agilizar o andamento do caso na Justiça, que ocorreu no início desta semana.
Dois novos casos
Em meio a isso, surgiram relatos de dois novos estupros coletivos ocorridos no mesmo estado nesta semana.
O ministro-chefe de Uttar Pradesh, Akhilesh Yadav, reagiu com raiva
ao ser questionado sobre o crescente número de casos deste tipo de
crime.
“Você está seguro, por que isso o incomoda”, disse Yadav a um jornalista.
“Nenhum outro estado tem uma sala de controle da polícia como a que temos aqui. Se houver incidentes, vamos agir.”
A polícia anunciou mais cedo que haverá uma “investigação completa”
para averiguar as alegações de discriminação por casta na delegacia.
Em protestos realizados na vila das adolescentes, manifestantes
disseram que a falta de saneamento básico nas áreas rurais indianas não
ameaça apenas sua saúde, mas também sua segurança.
Segundo eles, muitos ataques ocorrem quando as mulheres precisam sair de casa para ir ao banheiro, especialmente à noite.
O repúdio à violência sexual vem aumentando na Índia desde 2012,
quando uma estudante foi assassinada depois de ser vítima de um estupro
coletivo em um ônibus em Nova Déli.
O governo endureceu as leis contra este tipo de crime no ano passado após a realização de manifestações de indignação pelo caso.
Casos do tipo agora recebem tratamento especial da Justiça para serem
julgados mais rápido e, nos crimes mais extremos, a pena de morte pode
ser aplicada.
Alguns grupos de defesa da mulher argumentam que o baixo número de
condenações por estupro poderia ser revertido com um policiamento mais
efetivo, em vez de com a aplicação de penas maiores.
BBC-Brasil
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