Para governo, controle da Copa do Mundo de 2014 é ‘frágil’
Um
documento do próprio governo federal afirma que é ineficiente e
“frágil” o acompanhamento pelo Ministério do Esporte dos preparativos
para a Copa-2014.
Por meio da Lei de Acesso à Informação, a Folha
obteve resultado de auditoria inédita da CGU (Controladoria- -Geral da
União) nos três grandes contratos da pasta para monitorar as ações do
Mundial do Brasil. No total, eles somam R$ 61 milhões.
Nas 94 páginas do relatório, a CGU
aponta que, após três anos da assinatura do primeiro contrato, “ainda
não se tem um sistema eficiente e operacional para o acompanhamento das
ações da Copa do Mundo 2014, sob responsabilidade do Ministério do
Esporte”.
A auditoria foi concluída em setembro de
2012. A pasta é a coordenadora do Comitê Gestor da Copa, formado por 25
ministérios e secretarias e pela Presidência da República. Toda ação
vinculada à competição passa por esse comitê. O Esporte contratou as
consultorias para ajudar na tarefa.
Foram auditados os contratos do
Consórcio Copa 2014 (formado por três empresas), de R$ 48 milhões; da
Fundação Getúlio Vargas, de R$ 10 milhões; e o da empresa Calandra
Soluções, de R$ 3 milhões.
Para os auditores, “falta
operacionalidade” ao sistema de acompanhamento das obras, o que
“acarreta em fragilidade dos controles do Ministério do Esporte na
condução, no gerenciamento e no monitoramento das ações”.
A CGU afirma ainda que, em alguns casos, o sistema de monitoramento tinha informações com mais de um ano de defasagem.
“Conclui-se, portanto, que não vêm sendo
inseridas no sistema as informações pertinentes, pelos órgãos e
entidades responsáveis, e que não foram tomadas as providências
necessárias”.
OMISSÃO
Um dos exemplos da “fragilidade” no
monitoramento da Copa está nos próprios contratos de fiscalização. O
Ministério do Esporte pagou pelos mesmos serviços em três contratos
diferentes, segundo a auditoria, que chega a falar que o órgão foi
“omisso” nessa questão.
A FGV, segundo avaliação da
controladoria, foi contratada para fazer o que era atribuição do
Consórcio Copa, “dando um prejuízo de R$ 10 milhões ao erário”. Os
auditores compararam os textos dos contratos para mostrar o que eles
chamaram de “sobreposições”.
A auditoria afirma que os três contratos
tinham tarefas iguais em sua execução, muitas delas simplesmente
genéricas, como “monitorar” e “gerenciar” ações da Copa. A conclusão
aponta falta de critérios objetivos e técnicos para essas contratações.
A CGU fala ainda de serviços ineficientes e outros não realizados ou não previstos, mas que foram pagos.
A Folha
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