Petrobras abre auditoria para apurar suposto suborno a funcionários
Empresa holandesa teria pagado para obter contratos junto à estatal. Auditoria tem 30 dias para concluir o trabalho.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, anunciou
nesta terça-feira (18) que a companhia abriu uma auditoria para apurar
as denúncias de que funcionários da companhia teriam recebido propina da
empresa holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a
companhias petrolíferas. A executiva disse que a comissão que está à
frente da auditoria tem 30 dias para concluir a investigação.
"Ao longo desse período não daremos informações sobre o assunto", disse Graça, que participou de um evento no Rio de Janeiro.
Na quinta-feira (13), a liderança do PSDB na Câmara protocolou na
Procuradoria Geral da República (PGR) representação que pede a
investigação da denúncia. Em nota, a Petrobras informou que está
"tomando providências internas cabíveis com o intuito de averiguar a
veracidade dos fatos publicados".
Reportagem publicada pelo jornal “Valor Econômico” revelou um suposto
esquema de pagamento de suborno a autoridades de governo e de estatais
de diversos países, entre os quais o Brasil.
A denúncia foi publicada na página em inglês da SBM na Wikipedia, em
outubro de 2013, mas só veio à tona na última semana. No texto, uma
pessoa que se identifica como ex-diretor da SBM afirma que a companhia
teria pagado mais de US$ 250 milhões em propinas entre 2005 e 2011 a
empresas e autoridades em diversos países – entre eles, o Brasil.
De acordo com a denúncia do suposto ex-funcionário da SBM, ao menos
US$ 139 milhões teriam sido pagos por meio da Faercom e da Oildrive,
empresas que trabalhavam como representantes comerciais da SBM no
Brasil, e então repassadas a funcionários da Petrobras, para obter
contratos junto à estatal.
Segundo o "Valor Econômico", a SBM é investigada na Holanda, na
Inglaterra e nos Estados Unidos por pagamento de suborno a empresas de
outros seis países, além do Brasil.
Conforme o jornal, a empresa holandesa informou em seu último balanço
que tem portfólio de encomendas de US$ 23 bilhões com a estatal
brasileira, incluindo as plataformas Cidade de Paraty, Cidade de Maricá e
Cidade de Saquarema, em construção.
SBM
A SBM admite que pode ter havido práticas de vendas “impróprias”. Em
abril de 2102, a empresa afirma que uma investigação interna foi aberta e
informada às autoridades da Holanda. As investigações se centrariam em
dois países africanos e outro “fora da África”, não especificado. A
empresa não informou se esse país seria o Brasil nem mencionou a
Petrobras em seus comunicados oficiais.
Segundo a empresa, foram identificadas “práticas impróprias em
determinados países africanos entre 2007 e 2011”. Durante a
investigação, aponta a SBM, houve alegações de pagamentos
“inapropriados” feitos em países fora da África, “mas até o momento
nenhuma prova conclusiva de tais alegações foi estabelecida”.
Sobre as denúncias publicadas na Wikipedia, a companhia diz que o
texto “se parece” a outro recebido via e-mail de um ex-funcionário, que
teria chantageado a companhia pedindo cerca de € 3 milhões para não
tornar as informações públicas.
“A SBM Offshore se recusou a aceitar a ameaça do ex-funcionário. Após
a notificação da decisão da companhia, a publicação foi postada na
Wikipedia. A empresa tomará ações contra o ex-funcionário”, informou a
companhia em nota, na qual também desmente que as informações publicadas
constem em documentos internos. A empresa nega as alegações de que
tenha tentado “acobertar” o assunto.
Faercom e Oildrive
Em nota, as empresas Faercom e Oildrive, apontadas nas denúncias como
intermediárias dos pagamentos de propina no Brasil, negam envolvimento.
As empresas dizem ter sido representantes comerciais da SBM por mais de
30 anos, e deixaram a função em 2012.
“As duas companhias se orgulham de ostentar conduta ilibada e
norteada pelos mais rigorosos princípios de respeito à ética nos
negócios”, diz o texto.
G1
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