Audiência na CMJP discute violência nas escolas
As principais reivindicações foram assaltos na esquina dos locais onde estudam
A violência nas escolas foi o tema da audiência
pública realizada na tarde desta segunda-feira (5), a partir das 15h, na
Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). O evento foi proposto pelo
vereador Professor Gabriel (SDD), secretariado por Chico do Sindicato
(PP) e também teve a presença de Benilton Lucena (PT). Entre os assuntos
tratados, houve destaque para a reativação da Patrulha Escolar, o
combate às drogas junto às políticas de conscientização fora e dentro do
ambiente escolar, além da videomonitorização das unidades de ensino.
Para a maioria dos alunos e líderes estudantis que tomaram a palavra
na audiência pública, as principais reivindicações foram assaltos na
esquina dos locais onde estudam ou no entorno das escolas; a falta da
Patrulha Escolar; e mais políticas públicas voltadas à conscientização
sobre a violência e tráfico de drogas nos ambientes próximos às unidades
de ensino.
“Precisamos discutir a violência, algo que está acontecendo em escala
crescente nas escolas de João Pessoa e do Estado. Neste ano, tivemos
exemplos de um vigilante do Lyceu Paraibano que foi assassinado enquanto
trabalhava; de um professor, numa escola no bairro de Manaíra, que foi
assaltado em sala de aula; além dos casos em que há venda e compra de
drogas no entorno dos centros de ensino. Questiono a impunidade desses e
de tantos outros casos e convido os gestores das pastas de segurança e
da educação para discutirmos a situação e apontar soluções”, afirmou
Professor Gabriel. O vereador ainda cobrou a volta da Patrulha Escolar.
Sedec atua com videomonitoramento e conscientização
De acordo com o gestor da Secretaria de Educação e Cultura de João
Pessoa (Sedec), Luiz de Sousa Júnior, a pasta atua em duas frentes com
relação à violência: com trabalhos de conscientização e a instalação de
câmeras filmadoras nas unidades de ensino.
O secretário frisou que há outro tipo de violência que deve ser
repreendida e previnida, pois se trata dos casos que são do ambiente
externo à escola. “A questão dos conflitos sempre existirá nas escolas,
públicas ou privadas, e temos que tratá-los através do diálogo, da
interação de educandos, alunos e famílias. São situações naturais como a
competitividade entre alunos, as disputas, os desentendimentos entre
estudantes”, lembrou.
“A primeira frente de nosso trabalho consiste na formação da
consciência, ética e moral dos alunos, proporcionando a mediação dos
conflitos. A outra refere-se ao contratarmos uma empresa que atua com
segurança eletrônica por câmeras de monitoramento. Nossas escolas
possuem, em média, 16 câmeras por unidade de ensino, monitoradas por 24
horas”, informou Luiz de Sousa.
Segundo o secretário da Sedec, o diretor pode inserir um aplicativo
de acesso ao conteúdo das câmeras em seu celular, as imagens ainda podem
ser acompanhadas de dentro da escola e também pela empresa de
videomonitoramento. As câmeras ficam em ambientes comuns e estratégicos,
instaladas nos corredores, nos refeitórios, nas quadras, entradas,
saídas. “Queremos detectar os fatos e garantir que eles não repitam,
além de garantir que crianças não se machuquem ou se tornem vítimas de
qualquer atitude violenta”, frisou.
Luiz Sousa Júnior informou que a Capital possui 166 centros de ensino
municipais, entre eles, 95 escolas e 71 Centros de Referência e
Educação Infantil (Creis), sendo um destes o primeiro que será
inaugurado por esta gestão, no próximo fim de semana. “Hoje, temos 60
escolas municipais monitoradas por câmeras. A cada dois dias uma nova
escola é equipada com a tecnologia e a meta é implementar os
equipamentos em todas”, garantiu.
Lideranças estudantis e da juventude fazem reivindicações
O presidente do Grêmio Estudantil do Lyceu Paraibano, Raylander
Mendes, comentou o caso do assassinato do porteiro do colégio, Antônio
Messias, que faleceu baleado por tiros enquanto trabalhava, e relembrou o
pânico dos alunos naquele episódio, há dois meses. O líder estudantil
ainda sugeriu criar um abaixo-assinado e levar às autoridades
competentes pedindo a volta da Patrulha Escolar.
“Pelo menos 50 alunos do Lyceu que receberam tablet do Governo do
Estado tiveram seus aparelhos roubados no entorno do colégio. Há
viaturas que passam pelo Lyceu, com policiais em motos, e que ficam
apenas meia hora mas depois se retiram do local. Precisamos de segurança
constantemente. Os alunos do Lyceu dizem não se sentirem seguros no
ambiente escolar quando indagados sobre isso. É por esses e outros
exemplos que está constatado que a violência no ambiente escolar
aumentou depois que a Patrulha Escolar foi extinta”, salientou Raylander
Mendes.
A presidente do Conselho Estadual de Juventude da Paraíba, Marília
França, falou da educação fora do ambiente escolar. “Educação se faz com
mais recurso, não há como fazer políticas públicas sem investimentos.
Pedimos 10% do PIB para a educação. Esse modelo de ensino médio falido,
de escola públcia sucateada, sem material digno para alunos e
professores não nos atende. Não precisamos de respostas dos gestores nas
quais o único argumento seja apenas um não às nossas necessidades, pois
precisamos de formas de solucionar as situações”, alertou. Ela ainda
defendeu que política pública para a juventude não se faz apenas com
iniciativas na área de esporte e sugeriu que seja criado um grêmio
estudantil em todas as escolas.
Semusb aposta na prevenção e Estado não comparece à audiência
O titular da Secretaria Municipal de Segurança Urbana (Semusb), o
ex-vereador Geraldo Amorim, lembrou que a pasta trabalha com foco na
prevenção e chamou a atenção do Governo do Estado para promover a
segurança não só com a repressão. Ele citou umestudo da Organização das
Nações Unidas (ONU) que elenca os principais fatores que influenciam no
aumento da violência escolar: aumento das famílias monoparentais, do
índice de gravidez na adolescência e da migração.
“Criamos a Ronda Escolar e de início, capacitamos 40 guardas
municipais para atuar nas 20 unidades escolares mais violentas, num
trabalho de interação com a comunidade escolar. A iniciativa está
proporcionando um vínculo dos profissionais da segurança municipal com a
população. Através dessa integração vamos propagar a cultura de paz nas
comunidades e já tivemos a autorização de mais 10 viaturas para esse
trabalho, que já possui 12 atuando. Pretendemos expandir o serviço para
pelo menos 50% das escolas municipais até o fim deste ano.
No final da audiência, Chico do Sindicato lamentou a falta de
representantes da Secretaria do Estado da Educação (SEE) e da Secretaria
da Segurança e da Defesa Social da Paraíba (Seds).
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