Aplicativo do Facebook vai perder recurso de bate-papo
Dois encontros em onze dias decretaram o bilionário negócio entre Facebook e WhatsApp - Dado Ruvic/Reuters
A rede
social Facebook vai remover nos próximos dias o recurso de bate-papo de
seu aplicativo para smartphones com sistemas operacionais iOS (Apple) e
Android (Google). A estratégia já começou a ser testada entre usuários
que acessam o serviço na Europa e deve chegar aos mais de um bilhão de
cadastrados nas próximas semanas: uma notificação já é exibida às
pessoas que ainda não aderiram ao app de mensagens instantâneas —
inclusive usuários brasileiros.
O aplicativo oficial da rede vai manter o ícone de mensagens, mas,
ao clicar nele, o usuário será direcionado a outro app: o Facebook
Messenger, recurso lançado pela companhia em 2011 especialmente para
troca de mensagens instantâneas — por ora, a companhia americana exibe
um comunicado a uma parcela de usuários notificando a mudança e
recomenda o download do aplicativo, conforme mostra a imagem abaixo. Em
contato com a reportagem de VEJA.com, o Facebook afirmou que o usuário
terá sete dias para se adequar à exigência a partir da data de
recebimento do aviso.

Segundo a empresa, a medida tem como objetivo deixar o aplicativo
principal mais rápido e não se aplica a dispositivos móveis com sistema
operacional Android de baixo custo e Windows Phone. Pessoas que acessam a
rede social por meio de desktops não serão afetadas com a mudança.
Nos últimos meses, o Facebook tem criado uma série de estratégias
agressivas para o universo móvel, para onde migram milhões e milhões de
usuários. Na última quarta, a companhia informou que mais de 1 bilhão de
pessoas se conectam ao serviço por meio de smartphones e tablets. Em
fevereiro, a rede adquiriu o serviço de mensagens instantâneas WhatsApp
por 19 bilhões de dólares.
Momentos decisivos da história do Facebook
A origem: comparar garotas da universidade (2003)
Em outubro de 2003, quatro estudantes (Mark Zuckerberg,
Dustin Moskovitz, Chris Hughes e o brasileiro Eduardo Saverin) da
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, desenvolvem uma rede dedicada à
quase pueril tarefa de comparar garotas da faculdade, escolhendo as
mais atraentes. O Facemash é um sucesso: em quatro horas, atrai 450
visitas e exibe fotos das estudantes 22.000 vezes. A empreitada
incentiva Zuckerberg a criar o Thefacebook.com.Começam as batalhas jurídicas (2004)
Em fevereiro de 2004, Zuckerberg e seus amigos decidem lançar
o Thefacebook.com, rede social dedicada aos alunos de Harvard. A ideia,
que permite a criação de laços digitais entre estudantes, agrada: em 24
horas, mais de mil usuários se cadastram. Seis dias após o lançamento
do serviço, aparecem os primeiros problemas. Três estudantes da
instituição – Divya Narenda e os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss –
acusam Zuckerberg de violar regras de propriedade intelectual (a batalha
judicial só seria finalizada em 2008,
quando Narenda e os Winklevoss receberiam 20 milhões de dólares em
ações do Facebook). Ainda em 2004, a startup recebe 500.000 dólares em
investimentos de Peter Thiel, cofundador do PayPal. Em dezembro do mesmo
ano, a rede alcança 1 milhão de usuários.A briga com o brasileiro Eduardo Saverin (2005)
Cofundador do Facebook, o brasileiro Eduardo Saverin
atua como administrador do Facebook no início do negócio. Mas ele logo
se choca com Mark Zuckerberg. Este quer mais usuários; Saverin, mais
investimentos. Sem acordo, o brasileiro decide deixar a empresa, em
2005, e terminar graduação em economia em Harvard. Zuckerberg abandona o
curso de ciência da computação e, incentivado por Sean Parker,
cofundador do Napster (site que fornecia músicas para download gratuito e
que foi tirado do ar pela Justiça americana), muda-se para a Califórnia
para se dedicar ao Facebook. A pedido do próprio Parker, a empresa
compra o domínio Facebook.com por 200.000 dólares e descarta
definitivamente o artigo "The" de seu nome. Mais tarde, Saverin seria
processado pelo Facebook por interferir nos negócios da empresa. Segundo
relatos do livro Bilionários por Acaso,
Zuckerberg queria diminuir a participação do brasileiro nos ganhos
totais da empresa de 24% para 0,3%. Saverin abriria processo contra a
rede – do qual sairia vencedor. Hoje, detém 2,5% das ações do Facebook.
Ele teve ainda seu nome oficialmente reconduzido ao rol de fundadores da
companhia.A rede se abre para o mundo (2006)
O desejo de fazer parte da rede tomou conta de universitários
de várias instituições americanas (até então, o acesso era restrito a
Harvard, Stanford, Columbia e Yale). Em setembro de 2006, chega a hora
de pular os muros acadêmicos para abraçar o mundo: o Facebook permite a
adesão de qualquer usuário com mais de 13 anos de idade. O crescimento
atrai investidores e interessados em comprar a rede, que recebe proposta
de 750 milhões de dólares. Mark Zuckerberg diz que o Facebook vale 2
bilhões de dólares.A rede se abre para desenvolvedores independentes (2007)
Em maio, Mark Zuckerberg decide inovar: manter a sua API (application programming interface,
ou interface de programação de aplicações) aberta a desenvolvedores
independentes. Assim, a rede social é uma das primeiras empresas de
grande porte da internet a permitir que pessoas fora de seu quadro de
funcionários criem aplicativos baseados no seu código de programação. A
estratégia permite que o site se renove de forma permanente, à medida
que mais desenvolvedores criam jogos, enquetes e outras aplicações de
interação. Em outubro, a Microsoft compra participação minoritária na
rede por 240 milhões de dólares, acabando com boatos de que a gigante do
software compraria o site. “O Facebook não será vendido”, diz Mark
Zuckerberg.Tentando engolir a concorrência (2008)
Em 2008, o Facebook vai às compras. Segundo o diário britânico Financial Times,
a empresa oferece 500 milhões de dólares pelo microblog Twitter, criado
em 2006. Biz Stone, um dos fundadores da rede, rejeita a oferta.Um novo problema: a privacidade do usuário (2010)
Em maio de 2010, o Facebook anuncia que a rede social
atingira a marca de 400 milhões de usuários – marca restrita a poucos
gigantes da internet. Simultaneamente ao avanço do serviço, porém,
crescem as críticas às constantes mudanças na política de privacidade da rede social.
O site afrouxa seguidamente as regras, ampliando a exposição de dados
de cadastrados à observação pública. Ao menos uma vez, isso acontece sem
aviso claro aos usuários. Autoridades de proteção de dados da União
Europeia consideram "inaceitáveis" as mudanças. A companhia reage,
alegando que, com as mudanças, o site simplificou a vida do usuário na
tarefa de decidir o que compartilhar em seu perfil.A história da rede social vira filme (2010)
Fenômeno da web, o Facebook chega a Hollywood em dezembro de 2010. O filme A Rede Socialnarra
episódios dos primórdios do serviço, incluindo as batalhas jurídicas
entre Mark Zuckerberg, os irmãos Winklevoss e o brasileiro Eduardo
Saverin. A obra cinematográfica ajudou a fomentar ainda mais interesse
na rede. Em 2011, o filme concorreria em oito categorias do Oscar, entre
elas a de melhor filme: sairia com as estatuetas de trilha musical,
edição e roteiro adaptado.No Brasil, a luta contra o rival Orkut (2011)
No Brasil, a rede encontra resistência para destronar um gigante considerado até insuperável, o Orkut.
Oficialmente, o Facebook assume a posição de rede social mais popular
no país em dezembro de 2011. No mundo, sua supremacia já é
incontestável: serviços populares ou locais, como oMySpace, minguam e dão espaço ao projeto de Mark Zuckerberg.Mark Zuckerberg curte e compra o Instagram (2012)
Em abril de 2012, o Facebook abre os cofres e paga 1 bilhão de dólares pelo Instagram,
aplicativo de edição e compartilhamento de fotos para plataformas
móveis. Fica claro que a estratégia pretende animar investidores, de
olho na esperada abertura de capital da companhia.A maior abertura de capital de uma empresa de tecnologia da história (2012)
Em maio, a companha estreia no mercado financeiro com a maior oferta pública de ações
(IPO, na sigla em inglês) da Nasdaq, a bolsa de valores do setor de
tecnologia. São oferecidas 421 milhões de ações, com valor individual
fixado em 38 dólares. A operação arrecada cerca de 16 bilhões de
dólares: dessa forma, o valor de mercado da empresa chega a 104 bilhões
de dólares. Trata-se de um marco do setor de tecnologia e o terceiro
maior IPO dos Estados Unidos, atrás apenas dos realizados pela Visa, que
arrecadou 19,7 bilhões de dólares, em 2008, e da General Motors, com
18,1 bilhões, em 2010.Mais problemas... e desafios (2012)
Dias após o IPO, o escritório de advocacia americano Robbins Geller procura a Justiça acusando o Facebook de omitir a informação
que o crescimento da rede registrava desaceleração, fruto da ascensão
do uso de smartphones e tablets pelos usuários. O problema é que esses
dispositivos não exibiam anúncios – fonte de receita da empresa. A
notícia causa desconforto entre investidores. O Facebook tenta corrigir o
problema, apresentando novos modelos de anúncios para tablets e
smartphones. Apesar do esforço, a empresa não para de sangrar. as ações
da companhia na bolsa perdem mais da metade do valor em poucas semanas e
chegam a 17,55 dólares, no início de setembro, ante os 38 dólares
iniciais.O 'senhor das redes' acalma investidores (2012)
Quatro meses após a estreia do Facebook na bolsa, enfim, Mark Zuckerberg vai a público explicar a situação da empresa.
Em setembro, o CEO é entrevistado durante o evento de tecnologia
TechCrunch Disrupt, em São Francisco, na Califórnia. Ele admite estar
decepcionado com a queda do valor das ações da companhia na bolsa de
valores. Na tentativa de animar usuários – e investidores –, volta a
afirmar que o negócio da companhia é a mobilidade. "Decepcionamos na
Nasdaq, mas vamos fazer mais dinheiro a partir de acessos via celular",
promete, acrescentando que todos os esforços da empresa estão voltados
ao segmento de buscas. Apesar de não apresentar nenhuma novidade, a
aparição agrada o mercado – as ações da empresa sobem 4,6%.Resultado trimestral anima investidores (2012)
Em outubro, o Facebook anuncia seu segundo resultado
trimestral desde que a empresa abriu capital na bolsa de valores, em
maio. A companhia registra prejuízo
de 59 milhões de dólares entre os meses de julho e setembro deste ano,
frente a um lucro de 227 milhões de dólares no mesmo período de 2011.
Mesmo assim, a rede e seus investidores têm motivos para se animar: o
nicho a ser atingido para superar a situação – o mundo móvel – começou a ser explorado com resultados positivos:
começam a aparecer os primeiros resultados de receitas da rede
provenientes de anúncios em dispositivos móveis. A informação agradou o
mercado: e a bolsa reagiu bem. Um dia após o resultado, as ações da
empresa disparam e encerraram o dia com o maior ganho diário, cotadas a
24,25 dólaresNovas mudanças nos termos de uso (2012)
Em novembro, a rede social promove sutis reformulações em sua
política de privacidade e termos de uso ao validar o cruzamento de
dados entre todos os produtos que foram e serão adquiridos pela empresa,
como por exemplo o serviço de personalização de fotos Instagram.
Ademais, a companhia eliminou quatro de seis itens presentes no artigo
14 da declaração de direitos de responsabilidade (DDR), excluindo a
possibilidade de os usuários votarem nas alterações a serem feitas nas
políticas e termos de uso do site.Uma nova maneira de realizar pesquisas na rede (2013)
Em janeiro, o Facebook disponibiliza seu novo sistema de buscas,
o Graph Search, que em português ganhou o nome de Busca Social. O
formato apresenta uma nova maneira de explorar conteúdos compartilhados
na rede social, o que permite, segundo a empresa, maior relevância na
procura por informações. Na prática, a busca social tem como foco o
comportamento humano, a maneira como usuário interage com seus amigos.Novo feed de notícias (2013)
No mês de março, a companhia revela alterações em seu feed de notícias
– área reservada às atualizações de toda a rede de contatos do usuário.
A mudança permite que os usuários utilize novos filtros para decidir o
que vai aparecer em sua página, como categorias específicas para posts
sobre músicas, vídeos, games e fotos.Facebook Home (2013)
Em abril, o Facebook apresenta o 'Home',
interface que exibe funcionalidades da rede social na tela inicial de
smartphones com sistema operacional Android, do Google, sem a
necessidade de acessar o browser ou o aplicativo.Uma década de vida (2014)
Em fevereiro, o Facebook completa uma década de vida.
É um feito sob vários aspectos. Em um ambiente em que gigantes surgem e
desaparecem em alta velocidade, a maior rede social da história da
internet segue crescendo em faturamento e número de adeptos — um em cada
dois habitantes da Terra com acesso à internet está na rede comandada
por Mark Zuckerberg.Paper, a nova aposta do mundo móvel (2014)
Na semana em que completou uma década de vida, o Facebook
apresenta a seus mais de 1,2 bilhão de usuários o aplicativo Paper, o
mais novo projeto dedicado à área móvel. Disponível apenas aos usuários
de dispositivos da Apple com uma conta vinculada aos Estados Unidos, o
app une informações dos amigos na rede social às notícias e assuntos
mais relevantes, escolhidas a partir de uma combinação de algoritmos do
sistema às recomendações feitas a dedo por editores do Facebook – sim,
um trabalho entre humanos e robôs.WhatsApp, o novo serviço de Zuckerberg
Do universo móvel para o virtual
Pouco mais de um mês depois do anúncio da compra do app de
mensagens instantâneas WhatsApp, o Facebook vai às compras. A rede
social adquire, por 2 bilhões de dólares, a fabricante de óculos de realidade virtual Oculus VR,
uma das maiores apostas do universo de games. Ao arrematar a startup, a
companhia reforça sua estratégia: independente do canal, o negócio de
Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, é a comunicação.
Veja




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