
Brasília - Para enfrentar a seca, que ao longo dos anos castiga o
semi-árido nordestino, e a redução dos postos de trabalho devido à crise
financeira mundial, a União Brasileira de Municípios (Ubam) está
propondo a criação da Zona Franca do Semi-Árido do Nordeste. A idéia,
que será apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 10
de fevereiro, durante reunião com prefeitos de todo o país, é criar
pólos em oito estados nordestinos que ofereçam incentivos ficais e
facilidades para a instalação de indústrias na regiãio.Segundo o
presidente da Ubam, Leonardo Santana, a Zona Franca do Semi-Árido
Nordestino vai estimular a interiorização dos investimentos e, com isso,
ajudar na melhoria da qualidade de vida dos municípios que compõem o
chamado polígono da seca. “Essa região, que sofre com a seca devido à
falta de chuvas, não recebe muitos investimentos, não tem empregos e
possui uma renda
per capita muito baixa”, afirmou.“Infelizmente,
as pessoas deixam a região para lotar os grandes centros, como São
Paulo, Recife, Rio de Janeiro, porque não têm oportunidade de emprego.
Em vez de levar uma grande indústria para a capital, queremos trazê-la
para uma zona franca que fosse instalada no meio do Nordeste, em uma
região que não recebe investimentos”, explicou Santana.“Estamos
relacionando os municípios mais necessitados desse desenvolvimento e
vamos lançar a instalação de oito pólos industriais de zona franca em
cada um desses estados e todos eles farão parte da zona franca,
concedendo incentivos fiscais, tributários, oferta de terras para que as
indústrias possam vir para cá”, complementou.A idéia, segundo Santana, é
que todos os pólos estejam interligados por linhas de trens para
facilitar o escoamento da produção até o porto de Suape (PE). De acordo
com ele, algumas cidades, como Soledade, na Paraíba, Juazeiro, no Ceará,
e Mossoró, no Rio Grande do Norte, poderão sediar os pólos.O presidente
da Ubam lembrou que já foi criada uma comissão técnica do Projeto Zona
Franca do Semi-Árido do Nordeste, composta por dois deputados estaduais e
dois prefeitos de casa estado, para analisar todos os aspectos do
projeto. “O ideal é que o projeto comece a ser executado até 2011,
2012”, acrescentou. Ele acredita que os parlamentares dos estados do
Norte do país não devem colocar obstáculos para a criação da nova zona
franca. Manaus, capital amazonense, sedia a única zona franca criada no
país e a nova área poderia competir com a instalada no Amazonas. Santana
afirmou que o deputado pernambucano Wilson Santiago (PMDB) deve
apresentar uma emenda ao projeto de reforma tributária para a criação da
nova zona franca.“Com todo respeito aos parlamentares da Amazônia e a
todos os estados da Região Norte, tenho a dizer a eles que o povo
nordestino também é brasileiro, o do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste
também são brasileiros. Então, não se pode dar exclusividade a uma
região e deixar que outra fique descoberta”, disse, em relação a uma
eventual dificuldade que a proposta possa encontrar frente aos deputados
da Região Norte, que já tem a Zona Franca de Manaus.“Temos uma bancada
de 84 deputados do Nordeste e mais os de Minas Gerais que vão estar
envolvidos no processo”, ressaltou. “A Zona Franca do Nordeste não vai
prejudicar a Amazônia e Manaus”, avaliou. O chamado polígono da seca é
formado por oito estados nordestino e 18 municípios mineiros.Segundo
Santana, a melhor alternativa para uma região árida não é “apenas jogar
água”, mas levar investimentos e gerar oportunidades de emprego. “Temos
que saber conviver com a seca e nada melhor do que trazer o
desenvolvimento por meio da abertura de indústrias , estimulando o
comércio, principalmente como esse da zona franca, porque poderemos
exportar tudo que for produzido aqui”, argumentou.
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