Prefeito paraibano afirma que, sem roubos, as prefeituras teriam dinheiro sobrando no estado
“Se não levar (dinheiro público) para casa, dá para fazer muitas
coisas e ainda sobra”. A declaração foi dada pelo prefeito de São Bento,
Jarques Lúcio (DEM), em visita à redação do Correio, na semana passada.
Sem muito rodeio, Jarques foi direto ao assunto. Disse que herdou
uma dívida de R$ 80 milhões, deixada pelo ex-prefeito. Pior: segundo
ele, o antecessor limpou duas contas de convênios federais, onde estavam
depositados R$ 1,6 milhão.
A primeira conta, conforme o prefeito, tinha R$ 1,2 milhão em
recursos federais destinados ao término das obras de um hospital
iniciado em 2001, pelo governo do Estado, mas que hoje está sob a
responsabilidade da Prefeitura.
“O dinheiro (do hospital) estava embargado. Ninguém poderia mexer
nele. Mas, na segunda-feira, dia 2 de janeiro, fiquei surpreso quando
fui ao Banco do Brasil de São Bento consultar nas contas da Prefeitura
Municipal. Na conta embargada só havia R$ 200. Passaram a mão no
dinheiro do convênio”, disse Jarques.
Em outra conta, segundo ele, deveria estar a importância de R$ 400
mil. O dinheiro, fruto de um convênio com a Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), seria destinado à construção de casas de alvenaria, em
substituição a casas de taipa, com a finalidade de combater o barbeiro,
inseto transmissor da doença de Chagas.
O prefeito de São Bento, reforçando que nenhuma casa foi constrída.
Ele disse que comunicou o sumiço do dinheiro ao juiz da Comarca e ao
Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele contou que também pediu
audiências ao Ministério Público Federal (MPF) e à Controladoria Geral
da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) para formalizar
denúncias sobre o desaparecimento dos recursos federais que deveriam ser
aplicados na conclusão do hospital e na construção de casas.
Segundo ele, não se justifica o caos administrativo deixado pelo
ex-prefeito. Para o prefeito, “a população não merece o presente de
grego deixado”. Ele disse que terá dificuldades, mas que ele vai
trabalhar quatro anos para resolver todos os problemas herdados.
Portal Correio
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